O fenômeno do ‘Bukelismo’ cresce na América Latina, impulsionando o populismo punitivo em diversos países.

Durante uma entrevista à Folha, Jan Topic, candidato à Presidência do Equador, mencionou o líder de El Salvador, Nayib Bukele, ao responder a duas perguntas. Topic elogiou algumas características de Bukele, como a clareza de ideias e determinação, apesar de não concordar com todas as suas posturas.

O fenômeno chamado de “bukelização” tem se espalhado pela América Latina, e o Equador é o mais recente exemplo disso. Bukele tem conseguido neutralizar outros poderes em seu país e implementar uma política de segurança linha-dura sem perder a popularidade, que atinge impressionantes 90% após quatro anos de mandato.

Jan Topic, ex-empresário do ramo de segurança, lançou sua campanha para a Presidência do Equador no mês passado, com foco na explosão da violência no país. Nos últimos anos, os equatorianos têm testemunhado cenas de violência que antes não eram comuns, como massacres em prisões, corpos pendurados em pontes, atiradores abrindo fogo em restaurantes, além de um prefeito sendo “reeleito” durante o seu próprio velório.

Diversos candidatos equatorianos, incluindo Topic, têm proposto adotar o modelo de segurança de Bukele como solução para a violência. Bolívar Armijos, presidente do Conselho Nacional de Governos Paroquiais do país, sugere inclusive a prisão de criminosos pelo mesmo tempo que suas vítimas deixaram de viver, chegando a uma média de 100 anos.

Especialistas acreditam que a população do Equador está disposta a abrir mão de suas liberdades em troca de segurança, e muitos veem Bukele como um modelo a ser seguido. Esse fenômeno da “bukelização” também pode ser observado em outros países da América Latina, como Honduras, Jamaica, Haiti, Guatemala, Colômbia, Argentina e Paraguai.

O populismo de direita está ganhando força na região, e pesquisas mostram que cresceu o número de pessoas que não se importam ou preferem um regime autoritário em vez de um governo democrático. Especialistas consideram que essa é a primeira vez que o populismo de direita atua de forma transnacional na América Latina, e líderes como Bukele e Bolsonaro se tornaram referências para outros candidatos e políticos da região.

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