O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decide revelar o conteúdo da denúncia contra Suel, ex-bombeiro envolvido no caso Marielle.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) derrubou nesta sexta-feira (4) o sigilo da denúncia em que o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia é acusado de liderar uma organização criminosa que explorava serviços clandestinos de TV por assinatura e de internet, popularmente chamados de “gatonet”. Preso na semana passada, ele atuaria em parceria com o ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como executor da morte da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu tornar público na última sexta-feira (4) o processo em que o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia é acusado de liderar uma organização criminosa que explorava serviços clandestinos de TV por assinatura e internet, conhecidos como “gatonet”. Maxwell, preso na semana passada, teria atuado em conjunto com Ronnie Lessa, ex-policial militar apontado como autor do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O crime ocorreu em 14 de março de 2018, quando Marielle e Anderson foram alvos de tiros disparados de um veículo prata, um Cobalt. O ex-bombeiro, conhecido como Suel, também está sendo investigado pela participação nesse assassinato.

A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) com base no depoimento do ex-policial militar Élcio Queiroz. Preso desde 2019 junto com Ronnie Lessa, Queiroz é acusado de ser o motorista do Cobalt prata durante o assassinato de Marielle e Anderson. No mês passado, ele confessou sua participação no crime e fechou um acordo de delação premiada. Em seu depoimento, Queiroz detalhou o envolvimento de Suel na organização criminosa e nos serviços ilegais de “gatonet” no bairro de Rocha Miranda, na zona norte do Rio.

Segundo a denúncia do MPRJ, Suel, Ronnie Lessa e mais quatro pessoas estariam envolvidos na liderança dos serviços de “gatonet”. Entre eles, está o filho de Suel, Maxwell Simões Correia Júnior. Também foram denunciados Sandro dos Santos e Welington de Oliveira Rodrigues, conhecido como Manguaça. O último envolvido, Jorge Vicente da Silva Neto, já faleceu.

A esposa de Suel, Aline Siqueira, não foi apontada como participante do esquema, mas foi denunciada por lavagem de dinheiro. Um veículo Land Rover, no valor de R$ 213 mil, foi adquirido em seu nome com recursos provenientes da exploração da “gatonet”.

O TJRJ aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva dos envolvidos. Suel foi preso na semana passada, enquanto Manguaça foi detido nesta sexta-feira em uma operação conjunta com a Polícia Federal. Maxwell Simões Correia Júnior e Sandro dos Santos estão foragidos. Ronnie Lessa já estava detido.

O sigilo da denúncia foi derrubado a pedido do MPRJ após a operação realizada nesta sexta-feira. Além da prisão de Manguaça, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a Suel. Um galpão no bairro Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio, onde atividades relacionadas à “gatonet” seriam realizadas, foi alvo da operação.

O veículo Land Rover registrado em nome de Aline foi apreendido. As movimentações financeiras dela também estão sendo investigadas no contexto do assassinato de Marielle e Anderson. Gravações obtidas pelo MPRJ mostram Aline pedindo para falar com a mãe de Ronnie Lessa seis dias após o crime, através do interfone do condomínio.

Marielle

Segundo a delação de Élcio Queiroz, Suel realizou vigilância para conhecer a rotina de Marielle. Inicialmente, ele seria o motorista no crime. O ex-bombeiro até tentou executar o assassinato, mas o veículo apresentou problemas no momento em que Ronnie ordenou o posicionamento ao lado do carro da vítima. Élcio Queiroz também mencionou a presença de uma terceira pessoa nessa tentativa fracassada: o sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, que foi morto em 2021. Ele teria sido o intermediador do crime.

A delação de Élcio Queiroz também detalha as ações de Suel nos dias seguintes ao crime, quando ele teria levado o Cobalt prata para um desmanche.

Em 2021, Suel já havia sido condenado a quatro anos de prisão por obstrução das investigações relacionadas aos assassinatos de Marielle e Anderson. Ele foi acusado de ajudar Ronnie Lessa a esconder suas armas. No entanto, estava cumprindo a pena em regime aberto. Após ser preso novamente na semana passada, Suel foi transferido para um presídio federal de segurança máxima fora do Rio de Janeiro por determinação do TJRJ.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz estão presos em regime fechado e serão submetidos a júri popular. Os detalhes do acordo de delação premiada de Élcio Queiroz não foram divulgados. O MPRJ afirmou que não está prevista nenhuma redução de pena e as informações fornecidas por Queiroz estão sendo utilizadas em novas investigações para descobrir o mandante do crime.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo