Universidades podem integrar saberes tradicionais e acadêmicos para promover a excelência educacional e o desenvolvimento de habilidades contemporâneas.

Conhecimentos tradicionais e acadêmicos podem se somar, ampliando horizontes e benefícios para gente e meio ambiente. É o que pensa Tel Guajajara, o primeiro indígena a integrar a Direção Executiva da União Nacional dos Estudantes (UNE). Aos 23 anos, estudante do quinto semestre de direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), Guajajara é originário da Terra Indígena Morro Branco, localizada em Grajaú, no Maranhão, e é filho da cacique de sua aldeia – a Cacique Virgulino.

Guajajara é um estudante “extremamente ativo” no ambiente universitário. Ele foi idealizador do 1º Encontro dos Estudantes Indígenas da Amazônia e ajudou na criação da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas. Além disso, fundou o Circuito Curupira, uma rede de ações estudantis em defesa de ações climáticas.

Ele é um dos participantes da plenária transversal sobre juventude do Diálogos Amazônicos, evento preparatório para a Cúpula da Amazônia, que acontecerá nos dias 8 e 9 em Belém.

No ambiente universitário, Guajajara pôde vivenciar dois mundos: o das tradições indígenas e o acadêmico. Ele defende a criação da Universidade Integrada da Amazônia, que facilitaria a produção de debates transversais, juntando conhecimentos.

O estudante indígena afirma que a vivência acadêmica ensina muito aos não indígenas sobre os conhecimentos tradicionais e ressalta que as universidades podem ajudar a melhorar a vida das comunidades indígenas. Ele defende a criação de universidades em territórios indígenas, principalmente para áreas como biologia, química, farmácia, medicina, tecnologia e inovação.

Guajajara observa que a competitividade no mundo acadêmico pode ser prejudicial e destaca a importância de evitar a discriminação contra os estudantes indígenas. Ele já foi alvo de racismo durante o ensino médio e enfrentou dificuldades no primeiro semestre da universidade, quando alguns estudantes se recusaram a fazer trabalhos acadêmicos com ele, alegando que suas temáticas não tinham precedentes.

O estudante indígena acredita que sua participação na UNE e seus estudos em direito e possivelmente relações internacionais podem ser um elo entre as comunidades indígenas e o mundo. Ele espera que mais estudantes indígenas possam ter acesso ao ensino superior e contribuir em diversas áreas do conhecimento.

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