A recuperação dos oceanos diante dos danos humanos é um desafio, mas com medidas de proteção e conscientização, é possível restaurar sua saúde.

O professor de ciências marinhas Stephen Palumbi, da Universidade Stanford, estava em uma expedição no verão de 2016 no Pacífico Central quando fez uma descoberta surpreendente. Ele e seus colegas pesquisadores encontraram um obscuro trecho de recife cheio de vida marinha abundante. Havia cardumes de peixes-papagaio nadando, jardins de corais em crescimento, peixes-napoleão do tamanho de bebês rinocerontes e muitos tubarões. No entanto, também havia sinais de que algo estava errado, como uma rachadura misteriosa no recife e um incidente com a navegação que mostrava que eles haviam encalhado, mesmo estando longe de qualquer terra.

O que Palumbi descobriu foi que estava mergulhando no Atol de Bikini, nas ilhas Marshall, um local que se tornou radioativo depois de ter sido usado como teste para bombas nucleares pelos Estados Unidos nas décadas de 1940 e 50. Enquanto os habitantes de Bikini foram forçados a deixar suas casas e nunca mais retornaram, o local se transformou em um santuário acidental, onde a vida selvagem é protegida pela toxicidade da região. Ninguém pesca naquele local há quase 70 anos.

Atualmente, os oceanos estão enfrentando uma crise causada pela pesca excessiva. A pesca destruiu ecossistemas e reduziu drasticamente os estoques de peixe no planeta. No entanto, há um movimento crescente para proteger a vida marinha em áreas de mar aberto que não são controladas por nenhum país. Em 2023, as Nações Unidas assinaram o Tratado do Alto Mar, um acordo histórico que pretende proteger essas áreas. A ideia é que, se pararmos permanentemente de pescar, os mares poderão se recuperar e prosperar novamente.

Um exemplo desse potencial de recuperação pode ser visto no Atol de Bikini. Apesar de ser radioativo, o recife está repleto de vida marinha e os peixes são muito maiores do que em áreas onde a pesca é frequente. Outro exemplo é o Monumento Nacional Marinho Papahānaumokuākea, no Havaí, onde a proibição total da pesca levou a um aumento da vida marinha e à recuperação de espécies que eram amplamente consumidas.

Ainda há muito trabalho a ser feito para proteger e recuperar os oceanos, mas iniciativas como o Tratado do Alto Mar são passos importantes na direção certa. Se decidirmos nos abster permanentemente da pesca, podemos ver a riqueza da vida marinha sendo restaurada. É hora de reconhecer que os oceanos são essenciais para a saúde e o equilíbrio do nosso planeta e tomar medidas para preservá-los.

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