Jovem vítima de ação policial em Guarujá (SP) é sepultado em cerimônia de indigente. Família busca justiça.

Uma das 16 vítimas fatais da Operação Escudo, que foi realizada após o assassinato do soldado da Rota, Patrick Bastos Reis, em Guarujá, foi enterrada como indigente. A identificação do homem não foi possível, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública). A Polícia Científica retirou material genético e dactiloscópico durante a realização da autópsia, na esperança de uma possível identificação futura através de confronto de DNA. O enterro foi realizado baseado em uma portaria da Polícia Civil de 1993, que permite o sepultamento de pessoas não identificadas após 72 horas no IML.

Os outros 15 corpos foram devidamente identificados e liberados para os familiares providenciarem o enterro, segundo a SSP. O homem enterrado como indigente foi morto no dia 28 de julho, por volta das 19h30, na rua das Figueiras, no bairro Pae Cará, em Vicente de Carvalho, um distrito pobre de Guarujá. De acordo com o boletim de ocorrência ao qual a Folha teve acesso, a versão dos policiais militares envolvidos relatou que eles estavam em um ponto conhecido de venda de drogas da região, quando avistaram um homem suspeito. Momentos depois, o homem atirou em direção aos três PMs, que revidaram com três tiros de pistola e um de fuzil.

Os tiros atingiram o peito e as pernas do homem, que foi socorrido pelo Samu e levado para a UPA São João, onde veio a falecer. Os policiais apresentaram uma pistola Glock calibre .40 com um carregador prolongado como a arma que o homem estaria portando. O delegado responsável pelo caso considerou a ação dos policiais como legítima defesa, de acordo com o registro.

A Operação Escudo já resultou em 16 mortes e está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo devido a denúncias de abusos. Três homens foram indiciados pela morte do PM Reis e também serão processados por tentativa de homicídio contra outro policial da Rota, bem como por associação ao tráfico de drogas. O trio encontra-se preso. Até o momento, as ações policiais no litoral paulista resultaram na prisão de 160 pessoas, incluindo alguns foragidos da Justiça, além da apreensão de 480 quilos de drogas e 22 armas.

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