Censo 2022 evidencia progresso na coleta de informações sobre indígenas, afirma especialista.

Os dados do Censo são fundamentais para entendermos a demografia e a condição socioeconômica dos povos indígenas no Brasil. Nas últimas décadas, houve um aprimoramento na coleta e análise dessas informações, de acordo com o antropólogo Ricardo Ventura Santos.

Santos, que pesquisa a saúde e a demografia dos povos indígenas, destaca que o Brasil é um dos países com menor proporção de indígenas na população. Isso se deve, em parte, à coleta de dados censitários. A partir de 1991, o questionário do Censo passou a incluir a opção “indígena” no quesito cor/raça, o que permitiu uma melhor visualização do tamanho dessa população.

De acordo com os dados do Censo de 2022, divulgados nesta segunda-feira (7), a população indígena no Brasil cresceu 89% em relação ao censo anterior, realizado em 2010. A parcela de indígenas no total de habitantes passou de 0,47% para 0,83%.

No entanto, Santos ressalta que esse crescimento não é apenas demográfico. Ele afirma que há um aumento relacionado a aspectos metodológicos e também ao autorreconhecimento como indígena. O antropólogo destaca que a coleta de dados indígenas nos censos tem sido aprimorada ao longo das décadas, e é importante analisar os fatores envolvidos nesses registros.

Os dados de 2022 revelaram algumas surpresas, como uma população indígena maior do que se estimava em Manaus, com 71,7 mil indígenas, e na Bahia, com 229 mil. Santos destaca que o Censo se consolida como uma das principais fontes de dados sobre a população indígena no Brasil, essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas e análises sobre saúde, educação e desigualdades.

O pesquisador ressalta a importância de compreender o perfil de saúde dos povos indígenas, influenciado por doenças infecciosas e parasitárias, como a diarreia, que está relacionada a questões de saneamento. Além disso, o Censo traz informações relevantes sobre os indígenas que vivem em áreas urbanas, preenchendo uma lacuna de dados sobre essas populações.

O Censo de 2022 ainda irá divulgar informações sobre etnias, línguas faladas e saneamento, oferecendo uma análise mais completa sobre a realidade dos povos indígenas no Brasil.

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