Eu não costumava ser emotivo com filmes, mas tudo mudou depois que enfrentei uma perda dolorosa.

Nunca fui de chorar em filmes, até passar por um luto. Sempre fui uma cinéfila ávida, gastava horas em locadoras de vídeo nos anos 1990, assistindo a todos os gêneros cinematográficos. Comédias, dramas, terror, e séries como Arquivo X e Todo Mundo Odeia o Chris. Meu amor pelo cinema sempre teve um motivo, tanto é que na época eu lia as críticas publicadas em jornais e revistas, e até fui assinante da saudosa Revista SET. Eu era obcecada por cinema, recortava cartazes de filmes das revistas e organizava como figurinhas em um álbum. Era uma forma de manter o meu arquivo atualizado na era pré-internet. Eu nunca perdia nada, assistia a tudo que caía nas minhas mãos, desde os blockbusters até os filmes de arte mais alternativos. Esse amor pelo cinema acabou me guiando para o jornalismo, onde eu sonhava em me tornar uma crítica de cinema. Inclusive, meu TCC foi sobre isso, um livro-reportagem com perfis de jornalistas que cobriam o mundo do cinema. Durante esse trabalho, tive a oportunidade de entrevistar alguns dos críticos de cinema que eu mais admirava, como o saudoso Christian Petermann. Foi um encontro especial que o jornalismo me proporcionou.

A paixão pelo cinema sempre me trouxe conexões, amizades e conforto durante minhas crises pessoais. Hoje, sou responsável pelas redes sociais do Blog Morte sem Tabu, onde compartilho filmes e séries que abordam temas como morte, luto e finitude. Quando comecei a pesquisar sobre o assunto, o primeiro filme que veio à minha mente foi “Lado a Lado” (1998). Este filme, estrelado por Susan Sarandon e Julia Roberts, trata da relação entre uma mulher em fase terminal de vida e a nova esposa do pai de seus filhos. Essa história, com nuances emocionais bem reais, ressoou profundamente em mim, já que minha mãe faleceu de câncer em 2001, quando eu tinha apenas 22 anos. O filme retrata a perda dos filhos e isso me fez refletir sobre a minha própria experiência de luto.

Antes desse período de luto, eu nunca fui alguém que chorava durante filmes ou novelas, mesmo que a história fosse emocionante. Mas tudo mudou depois da perda da minha mãe. Hoje, me permito mergulhar nas histórias e me conectar com elas de forma mais profunda. Essa mudança me trouxe mais empatia e sensibilidade. Agora, eu realmente choro assistindo a filmes como “This is Us” e “Coco”. Semana após semana, seleciono um filme para compartilhar no perfil do Instagram do blog, e isso se tornou um ritual para mim. Reflito sobre os filmes, os revejo e choro novamente, porque é impossível ficar indiferente quando falamos de obras como “Marley & Eu” ou “Meu Primeiro Amor”.

Esse processo de compartilhar filmes sensíveis e emocionantes com os seguidores do blog é algo que me traz gratidão. Cada elogio que recebo por essas recomendações me motiva a estudar mais sobre o assunto e a compartilhar as minhas próprias experiências. E desabafar essas emoções é bom, não é algo que me traz sofrimento, tristeza ou melancolia. Pelo contrário, enxergo isso como um acolhimento ao meu luto. Com o tempo, aprendi que cada dia vivido após a partida da minha mãe é uma oportunidade de amadurecer. É um desafio diário, mas também traz consigo um processo de crescimento. Cada membro da minha família lidou de forma diferente com a perda, e eu também mudei. Meu olhar sobre o mundo se transformou, assim como a forma como vivencio filmes, séries, músicas e livros. O luto me fez mais sensível e agora me permito chorar de verdade, seja assistindo a “This is Us” ou ao filme da Pixar, “Coco”.

Essa experiência de compartilhar filmes e séries ligados à morte e ao luto nas redes sociais do Blog Morte sem Tabu tem sido enriquecedora. Quando assisti à série sul-coreana “Move to Heaven” na Netflix, me apaixonei pela produção e recomendei a alguns amigos próximos, pois me senti realizada. Não é morbidez, como alguns poderiam pensar, é arte e uma forma de expressão que me traz paz ao assistir. É difícil descrever completamente o que sinto, mas é algo que busco quando reservo um tempo para ler, ouvir música ou assistir a resenhas.

Compartilhar essas emoções por meio deste depoimento me ajudou a refletir sobre o meu próprio luto. Vejo cada dia que passa após a partida da minha mãe como uma chance de amadurecer. Todo dia é um desafio, não é fácil. Mas aqueles que vivenciam uma despedida e continuam seguindo em frente são afetados de maneiras diferentes. Cada membro da minha família reagiu de forma única. Eu mudei, mudei inúmeras vezes interna e externamente. Meu olhar, meu lugar e meu espaço no mundo mudaram. Nessas reflexões, eu me vejo e percebo minhas emoções, minhas dificuldades e encontro maneiras de lidar com a saudade. Meu luto é assim, com fases pesadas, reais, permanentes. Esse processo me amadureceu imensamente e me fez uma adulta. Foi um renascimento, uma oportunidade de aprender a chorar novamente. Tudo o que eu havia guardado e bloqueado transbordou. Foi uma experiência transformadora.

Se você ficou curioso e quer conhecer mais sobre filmes emocionantes, siga o perfil do Blog Morte sem Tabu no Instagram (@mortesemtabu_). Lá, compartilho dicas e sugestões que espero que possam trazer conforto e inspiração para outras pessoas que também passam por processos de luto. Alguns dos filmes que recomendo incluem “O Rei Leão” (1994), que é uma animação da Disney que aborda a morte de forma sensível e pode ser uma ótima oportunidade para crianças refletirem sobre o assunto. O filme “Lado a Lado” (1998), dirigido por Chris Columbus, é um drama familiar emocionante. Outra dica é a animação “UP” (2009), que nos mostra como cada momento da vida é único e importante para nossa jornada. “Para Sempre Alice” (2014), estrelado por Julianne Moore, retrata a vida de uma acadêmica que sofre de Alzheimer e ganhou diversos prêmios por sua atuação. “The Normal Heart” (2014), dirigido por Ryan Murphy, é uma adaptação para o cinema de uma peça escrita por Larry Kramer sobre a epidemia de HIV/AIDS na década de 1980. Em “Capitão Fantástico” (2016), Viggo Mortensen interpreta um pai que cria seus seis filhos de maneira excêntrica, longe da civilização. “Como Eu Era Antes de Você” (2016) é um romance dramático que aborda questões sobre suicídio assistido. “Coco, A Vida é uma Festa” (2018), uma animação da Disney vencedora de dois Oscars, trata de temas como memória e conexões com os ancestrais. Por fim, “Dor e Glória” (2019), do aclamado diretor espanhol Pedro Almodóvar, é um drama pessoal e comovente. “Pieces of a Woman” (2020), baseado em uma experiência real da roteirista Kata Weber, é uma obra que merece ser explorada.

Essas são apenas algumas sug

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