Indígenas são alvejados próximos à Lula e à Cúpula da Amazônia, gerando preocupação com a segurança das comunidades locais.

Indígenas tembé denunciam onda de violência a cerca de 100 km da Cúpula da Amazônia, onde o presidente Lula (PT) estará presente. Desde o início do mês, já foram registrados quatro indígenas baleados. Os ataques ocorreram na última sexta-feira (4) e nesta segunda-feira (7), resultando em um dos indígenas sendo preso pela Polícia Militar do Pará. As lideranças tembé acusam a empresa de segurança privada da Brasil BioFuels (BBF), que lida com o cultivo de dendê e produção de biocombustíveis, pelos ataques. A empresa, por sua vez, alega que a área lhe pertence e que agiu para proteger seu patrimônio e funcionários. Representantes do povo tembé denunciaram a situação em Belém durante o final de semana e protestaram na segunda-feira em Tomé-Açu, no Pará.

Os ataques atuais são apenas os mais recentes de uma série recorrente de investidas contra a comunidade. Desde 2009, os tembé reivindicam a ampliação de seus territórios e, até o momento, não obtiveram resposta. Segundo a presidente da Associação Indígena Tembé de Tomé-Açu, Miriam Tembé, o conflito ficou ainda mais acirrado a partir de 2014. Diante desse contexto, nesta segunda-feira, representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos, da ONU, do Ministério Público do Trabalho, da Human Rights Watch, da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário estiveram em Tomé-Açu para acompanhar o caso.

O Ministério Público Federal do Pará solicitou o fim da violência e a realização de uma investigação pela Polícia Federal. De acordo com a BBF, na sexta-feira, cerca de cem invasores armados entraram em conflito com os trabalhadores, incendiando e destruindo as instalações físicas da fazenda. Já na segunda-feira, trinta invasores ameaçaram e agrediram os funcionários antes de incendiar tratores, máquinas agrícolas e edificações da companhia.

Diante dos ataques frequentes contra os tembé, a Associação Tembé afirmou que não pode haver transição energética ou justiça climática sem justiça ambiental, agrária e territorial. A associação pede que o governador do Pará e o presidente Lula não carreguem a marca de uma falsa transição energética manchada com sangue indígena, quilombola e ribeirinho. Dos quatro indígenas baleados, um está atualmente sob cuidados da Casa de Assistência à Saúde Indígena de Belém, uma indígena foi transferida para a capital do estado após ser atingida no pescoço e outra já retornou à aldeia após atendimento em Tomé-Açu. O último foi detido pela polícia, mas os motivos da prisão não foram explicados aos indígenas.

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