Jovem de dezessete anos alcança grande feito, destacando-se como prodígio em sua área de atuação.

No livro “Dezessete”, a jornalista e escritora francesa Colombe Schneck conta sua experiência de um aborto aos 17 anos e revela o impacto psicológico que isso teve ao longo de sua vida. Schneck, que vivia livremente sua sexualidade e acreditava que o feminismo era um direito adquirido para todas as mulheres, engravidou de um namorado e fez um aborto. Apesar de seus pais progressistas a auxiliarem e oferecerem apoio prático, nunca mais tocaram no assunto. A autora nunca falou sobre o aborto nem com amigos próximos e manteve uma conversa mental dolorosa com o filho que nunca existiu.

No livro, Schneck narra sua experiência de aborto como se estivesse contando para a escritora de autoficção Annie Ernaux, que também escreveu sobre um aborto clandestino. Ernaux disse que procurou avidamente livros que retratassem uma heroína desejando abortar, mas não encontrou nenhum. Schneck, por sua vez, se sentiu traída pelo próprio corpo e expulsada de sua rotina idílica de adolescente. Ela lamenta nunca ter podido conversar sobre sua dor com sua mãe e conclui que o maior de seus traumas foi justamente o silêncio.

Durante o livro, Schneck reflete sobre os traumas que enfrentou ao longo de sua vida, como a morte do pai, a solidão, o casamento e a morte da mãe. Porém, nunca parou de pensar e conversar com o filho que nunca teve. Ela se questiona sobre a presença desse filho em sua vida e se isso teria impedido tanto a realização de seus desejos.

“Dezessete” é um livro sincero, pungente e profundo, que aborda temas como liberdade, feminismo e a dor das escolhas. Schneck mostra a importância de não silenciar e de enfrentar a angústia de ser um ser desejante. A obra nos lembra que a vida é sempre mais complexa do que o que é retratado em hashtags progressistas.

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