Mais de 50% dos indígenas brasileiros residem na Amazônia Legal, de acordo com dados do Censo.

Mais da metade da população indígena do Brasil está concentrada no território da Amazônia Legal, que abrange nove estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Segundo o Censo 2022 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 867.919 indígenas habitam essa região, que é amplamente reconhecida pela sua importância ambiental e marcada por constantes disputas fundiárias.

Esses números representam 51% dos 1,7 milhão de indígenas presentes em todo o território brasileiro. O estado do Amazonas é o lar da maior parte dessa população, com um total de 490.854 indivíduos, o que corresponde a 56% dos indígenas da região. Além do Amazonas, fazem parte da Amazônia Legal os estados do Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão.

A Amazônia Legal concentra cerca de 98% das terras indígenas reconhecidas pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Durante o Censo, foram recenseados 403.287 indígenas em áreas demarcadas na região, o que representa 65% da população indígena que reside em terras indígenas em todo o país.

O estudo do IBGE considerou terras indígenas as áreas demarcadas autorizadas pelo Ministério da Justiça, as homologadas e as já regularizadas. Territórios com processos demarcatórios em análise pela Funai foram considerados como localidades indígenas.

As terras indígenas mais populosas na região da Amazônia Legal são a Terra Indígena Yanomami (AM e RR), com 27 mil habitantes, e a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), com 26 mil habitantes. Em ambas as áreas, mais de 99% da população recenseada era indígena. Além disso, existem dezenas de povos isolados ou de recente contato em meio à densa floresta amazônica.

Apesar disso, a maioria dos indígenas que vivem na região da Amazônia Legal, aproximadamente 53,5%, reside fora das terras indígenas. Eles estão distribuídos em diferentes localidades indígenas ainda não reconhecidas, assim como em áreas rurais e urbanas. Somente em Manaus, a capital do Amazonas, vivem quase 72 mil pessoas indígenas.

A presença da população indígena em terras oficialmente delimitadas localizadas na Amazônia Legal é maior do que a média nacional, com percentuais de 46,5% e 36,7% respectivamente.

A delimitação da Amazônia Legal foi estabelecida em 1953 pelo então presidente Getúlio Vargas com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico dessa parte isolada do país. Atualmente, a região abrange aproximadamente 60% do território brasileiro.

No entanto, mesmo com a homologação das terras indígenas, muitos povos indígenas ainda estão ameaçados por disputas fundiárias. Um exemplo é a Terra Indígena Apyterewa, localizada no sul do Pará, que foi oficialmente homologada em 2007, mas continua sofrendo invasões e é atualmente a terra indígena mais desmatada do Brasil. Esse processo se intensificou após a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que gerou pressão fundiária e resultou na ocupação ilegal de terras.

De acordo com o pesquisador Tiago Moreira, antropólogo do Instituto Socioambiental, há várias disputas territoriais que até hoje afetam as populações indígenas na Amazônia Legal. Apesar dos avanços em relação à demarcação de terras, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados para garantir a proteção dos direitos e territórios desses povos.

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