Ministros refutam discordância com Colômbia sobre descarbonização em breve declaração conjunta.

Em Belém (PA), ministros do governo brasileiro negaram oposição à visão da Colômbia sobre a descarbonização durante a Cúpula da Amazônia. O presidente do país vizinho, Gustavo Petro, pediu o fim da exploração de petróleo na região e criticou as decisões políticas que mantém o investimento em combustíveis fósseis, mais poluentes.

Durante o evento, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) foram questionados sobre o incentivo à produção de combustíveis fósseis em um momento em que o mundo está se voltando cada vez mais para a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Vieira afirmou que Brasil e Colômbia não pensam diferente e ressaltou que cada país tem seu ritmo para alcançar as metas de descarbonização. Segundo ele, a posição da Colômbia é convergente e cada país deve seguir o seu próprio ritmo e passo. Ele ressaltou que muitos países ainda dependem de carvão e combustíveis fósseis em sua matriz energética e que estão mais distantes das metas de descarbonização.

O chanceler brasileiro também afirmou que o Brasil está focado na produção de energia limpa, destacando a disponibilidade de energia eólica, solar, biomassa e hidrelétrica no país. Ele reforçou que o Brasil não discorda do presidente Petro.

Já Silveira defendeu o projeto de perfuração dos poços de petróleo em áreas de possível risco ambiental, como a Margem Equatorial e a foz do Amazonas. Ele negou que exista tal risco e destacou que o empreendimento pode ser um indutor de uma sociedade mais justa e solidária. Segundo ele, não se pode negar ao povo brasileiro o direito de conhecer suas potencialidades.

O governo aguarda a avaliação da Advocacia Geral da União (AGU) sobre o tema. Segundo o ministro de Minas e Energia, está sendo feita uma consulta jurídica para que a AGU determine se a portaria interministerial que permitiu a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) a realizar leilões de petróleo até 2021 é legal ou não.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a estatal explora a região de forma responsável há décadas e defendeu o uso do petróleo para financiar a transição energética. Ele ressaltou que a transição não acontece de um dia para o outro e que é necessário discutir como o uso do petróleo pode contribuir para essa transição.

No entanto, a sociedade civil tem mostrado preocupação em relação aos compromissos assumidos pelo Brasil no cenário global. Durante o encontro Diálogos Amazônicos, representantes de movimentos da sociedade civil divulgaram um documento cobrando medidas concretas dos chefes de estado dos países amazônicos para proteger o território e enfrentar a crise climática global e a crise de biodiversidade.

Em entrevista à Agência Brasil, a analista do Instituto Climainfo, Carolina Marçal Santos, discordou da associação feita pelo ministro Alexandre Silveira entre o combate à desigualdade e a defesa da indústria do petróleo. Ela apontou que regiões com grande produção de petróleo no Brasil são marcadas por desigualdade social, pobreza e violência.

Carolina também falou sobre o impacto ambiental, destacando que a Petrobras informou que levaria 43 horas para chegar à plataforma em caso de vazamento no bloco FZA-M-59, mas estudos mostram que o óleo chegaria à costa da Guiana Francesa em apenas 10 horas.

Em maio deste ano, o Ibama indeferiu o pedido da Petrobras para realizar perfuração marítima na bacia do Amazonas devido a inconsistências técnicas. Atualmente, o órgão analisa um novo pedido da estatal para reanálise da licença ambiental.

Portanto, durante a Cúpula da Amazônia, ministros do governo brasileiro negaram oposição à visão da Colômbia sobre a descarbonização, destacaram a busca por energias limpas e defenderam a produção de petróleo como forma de financiar a transição energética. No entanto, a sociedade civil expressou preocupação com os compromissos assumidos pelo Brasil e as possíveis consequências ambientais e sociais da exploração de petróleo na região amazônica.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo