ONU avaliará Belém para a COP30 diante dos desafios enfrentados pela cidade, destaca equipe especializada.

O chefe do braço climático da ONU (Organização das Nações Unidas), Simon Stiell, está em sua primeira visita à Amazônia brasileira e acredita que Belém precisa enfrentar desafios de infraestrutura para sediar a conferência do clima da COP em 2025. Stiell esteve na capital paraense para a Cúpula da Amazônia que começou nesta terça-feira (8).

Em entrevista à Folha e ao Valor, Stiell afirmou que Belém é uma cidade linda, com qualidades históricas e culturais, mas ainda enfrenta considerações logísticas que o governo precisa resolver para sediar uma conferência internacional como a COP. Problemas como a falta de infraestrutura hoteleira e dificuldades de transporte pela cidade já são evidentes, mesmo com um público relativamente menor nesta ocasião.

A Amazônia é parte importante das discussões climáticas e por isso a importância de sediar a COP na região. Segundo o Itamaraty, nos três dias dos Diálogos Amazônicos que precederam a cúpula de líderes de estado, 27 mil pessoas participaram das discussões. Para a COP28 deste ano, nos Emirados Árabes, espera-se um público de 70 mil pessoas. Esse número tende a aumentar a cada ano e será ainda maior para a COP30.

Em relação a Belém, a cidade possui atualmente 12.115 leitos de hospedagem, o que representa um desafio para o acolhimento adequado dos participantes da conferência. Stiell ressalta a necessidade de resolver questões logísticas como acesso ao transporte, instalações, transporte aéreo e segurança.

O representante da UNFCCC afirma que a ONU planeja enviar uma equipe técnica para avaliar as necessidades para a realização do evento e que a expectativa é que essa avaliação preliminar ocorra em breve. Embora a ratificação oficial do Brasil como sede da COP30 ocorra apenas na conferência deste ano, as autoridades têm colaborado rapidamente para iniciar os preparativos.

Negociações da COP28 terão transparência, diz representante

A COP28 será realizada em Dubai, em dezembro, e já surgiram preocupações sobre as negociações do evento. O país-sede é altamente dependente de combustíveis fósseis e as negociações serão lideradas pelo diretor da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi. Apesar disso, a ONU não planeja proibir a presença do lobby do petróleo nas conferências climáticas. Neste ano, os participantes deverão declarar suas afiliações, que serão tornadas públicas e constarão nos crachás.

Stiell afirma que há um grande debate sobre o uso de tecnologias para descarbonizar a produção de combustíveis fósseis e o impacto delas em relação à redução e eliminação progressiva desses combustíveis. A conferência será uma oportunidade para discutir caminhos de transição energética levando em conta questões climáticas, ambientais, econômicas e sociais.

O secretário-executivo da UNFCCC se declara “seletivamente otimista” sobre os resultados da COP deste ano. Será a primeira avaliação formal do progresso em relação à meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C. Stiell afirma que essa é uma oportunidade de olhar o que foi feito até aqui e traçar estratégias mais ambiciosas. Também destaca a importância de cumprir os compromissos financeiros assumidos pelos países ricos para cobrir custos de adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento. A conferência também abordará a questão da transparência e sanções para o descumprimento dos termos do Acordo de Paris.

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