Amigos e professoras homenageiam jovem morto pela PM em gesto comovente no Rio de Janeiro.

A direção da escola municipal Dorcelina Gomes da Costa, localizada no bairro da Pechincha, na zona oeste do Rio de Janeiro, divulgou uma nota nesta terça-feira (8) informando que o nome de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, continuará sendo chamado na lista de presença da sala de aula.

Em uma homenagem ao adolescente que foi morto durante uma ação da Polícia Militar na Cidade de Deus, também na zona oeste do Rio, a escola afirmou nas redes sociais: “Quando chamarmos seu nome, diremos todos: presente”.

De acordo com a direção da escola, Thiago era um menino sorridente, carinhoso e tinha muitos amigos na sala de aula, no refeitório e no campo de futebol. O texto ressalta que ele era amado por todos, incluindo professores, funcionários e colegas, e sempre exibia um lindo sorriso.

No enterro do adolescente, que ocorreu na tarde desta terça-feira, no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá, muitas professoras, funcionários da escola e alunos compareceram para prestar suas últimas homenagens.

A cerimônia de velório aconteceu em uma igreja evangélica que Thiago frequentava, próxima ao local onde foi assassinado.

Thiago tinha o sonho de se tornar jogador de futebol e ajudar sua família com os custos de casa.

Ele também foi homenageado na escola de futebol Canelinhas, onde treinava. Bandeiras do Brasil foram exibidas ao lado de troféus, e crianças e professores cantaram o “Rap da Felicidade” enquanto seguravam balões brancos.

Durante uma assembleia sindical da rede municipal de ensino do Rio, os professores fizeram um minuto de silêncio e exibiram cartazes em protesto contra a violência e a política de segurança do governo estadual.

Após o enterro, Diogo Flausino, pai de Thiago, afirmou que o filho não tinha envolvimento com o crime e nunca havia consumido drogas. O adolescente foi atingido por tiros enquanto andava de moto. De acordo com a Polícia Militar, a Corregedoria Geral abriu um inquérito para investigar o ocorrido.

A versão apresentada pela PM é contestada tanto pela família de Thiago quanto por testemunhas do caso. Segundo eles, não ocorreu troca de tiros e os policiais atiraram contra o adolescente. Priscila Menezes, mãe de Thiago, afirmou que seu filho era uma criança tranquila.

A Defensoria Pública do Rio está acompanhando a família de Thiago e entrou com uma ação judicial nesta terça-feira, solicitando que a Polícia Militar retire uma publicação que criminaliza o adolescente. Na postagem, a PM afirma que “um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto” com os policiais.

O cantor Emicida utilizou as redes sociais para oferecer apoio à família do menino. “A sociedade brasileira obriga uma mãe que está atravessando a maior dor que uma mãe pode enfrentar a interromper seu luto para defender a honra do filho”, escreveu.

A Defensoria também solicitou que a PM pare de reprimir as manifestações na Cidade de Deus em protesto contra a morte de Thiago de forma ostensiva.

A TV Globo exibiu imagens nesta terça-feira de moradores correndo pelas ruas do bairro após a polícia lançar bombas de efeito moral. Moradores também registraram policiais atirando balas de borracha e utilizando spray de pimenta contra aqueles que estavam nas ruas.

A PM informou que utilizou armas de menor potencial ofensivo após ser atacada por pedras e tiros.

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