Cacique Raoni, residente do Mato Grosso, não possui provas concretas de propriedade imobiliária em Paris.

Investigações recentes desmentiram postagens enganosas que sugeriam que o reconhecido líder indígena brasileiro, o cacique Raoni, seria proprietário de um apartamento em Paris. A desinformação, que parece ser uma tentativa de difamar o líder indígena em meio às suas críticas contundentes à política indigenista do presidente Jair Bolsonaro, gerou uma onda de boatos online, datando de 2019.

Apesar dos métodos de busca do órgão francês não terem permitido uma pesquisa eficaz por propriedades em relação ao cacique Raoni, fontes próximas ao líder indígena refutam veementemente as alegações. Beptuk Hokrit Metuktire, um dos netos de Raoni, expressou indignação ao comentar sobre o assunto: “Essa gente não tem noção, e não tem vergonha na cara sobre as mentiras que eles inventam”.

Metuktire confirmou que seu avô mora em Mato Grosso e nunca possuiu um imóvel na Europa. Além disso, Metuktire revelou que o líder indígena tem tido problemas de saúde recentemente, o que requer seu deslocamento frequente para a cidade de Peixoto de Azevedo, onde aluga uma residência temporária para cumprir uma série de exames e tratamento.

De acordo com as investigações conduzidas pelo Projeto Comprova, a publicação gerou uma significativa repercussão online. A partir de 4 de agosto, o post acumulou mais de 73,2 mil visualizações, 3,7 mil curtidas e 543 compartilhamentos.

O boato que acusa Raoni de ser proprietário de imóveis em Paris começou a circular na internet em 2019, quando um vídeo que retratava a compra de ouro em Gana foi introduzido nas redes sociais, alegando falsamente que Raoni estaria negociando terras amazônicas para ONGs locais. Apesar destes rumores serem esclarecidos na época por Estadão Verifica e Lupa, eles reemergiram recentemente após os contínuos ataques de Bolsonaro ao líder indígena.

Raoni é um notável ativista das causas indígenas e ambientais, reconhecido globalmente por lutar em defesa dos direitos dos povos nativos e do sustento da Amazônia. Desde o início do mandato de Bolsonaro em 2019, Raoni vem alertando o mundo sobre o aumento do desmatamento e as ameaças do agronegócio, das mineradoras e das serrarias que exploram a floresta.

A reportagem tentou, sem sucesso, entrar em contato com o responsável pela publicação original do boato. A fonte, que só divulgou seu primeiro nome, manteve seu canal de comunicação restrito, impedindo assim, o contato direto para investigação.

Em relação à disseminação constante de desinformação, especialistas indicam que o público deve permanecer vigilante e crítico em sua digestão da notícia online. A verificação por meio de fontes confiáveis e pesquisas adicionais pode evitar a propagação de desinformação prejudicial.

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