Governador da Bahia reforça busca por justiça, não violência, após trágico saldo de 31 mortes em ocorrências policiais.

Na manhã desta quarta-feira (9), o Governador Jerônimo Rodrigues (PT) conversou sobre recentes casos de violência policial na Bahia que resultaram em 31 mortes. Ele falou durante uma cerimônia de entrega de 78 viaturas novas para a Polícia Militar na Farol da Barra, em Salvador, onde prometeu monitorar de perto a atuação das forças policiais e sua conformidade com a lei.

“Desejamos prendê-los [suspeitos de crimes], não estamos aqui para tirar vidas. Iremos cuidar da polícia e da segurança pública em seu sentido mais amplo, ou seja, os direitos humanos”, disse o governador.

Identificando-se como um “governador dos direitos humanos”, Rodrigues enfatizou suas raízes negras e indígenas para sublinhar seu compromisso em combater quaisquer abusos policiais graves. Suas palavras sinalizaram que ele irá além do papel de um governador, utilizando sua própria experiência e história pessoal para orientar sua vigilância.

Em relação à violência policial excessiva na Bahia, Rodrigues mencionou suas discussões recentes com o Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Apesar do estado enfrentando as maiores taxas de mortes violentas do país desde 2019, Rodrigues expressou que as críticas são bem-vindas se servirem para melhorar a situação e reconheceu o papel dos ministros em aplicar pressão necessária sobre o governo baiano.

Notavelmente, em um evento semelhante em Salvador, o Secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, anunciou a intenção de implantar câmeras corporais no fardamento policial até o final deste ano. A compra de equipamentos está em andamento, porém, a empresa vencedora da licitação foi desqualificada por irregularidades documentais, e a segunda colocada no pregão agora está sendo avaliada.

As semanas recentes foram marcadas por violência policial escalada na Bahia, com um recorde de 64 mortes em julho de acordo com o Instituto Fogo Cruzado. Estes números são os mais altos desde julho de 2022, quando a organização começou a acompanhar a situação. Os casos, que incluem um saldo de morte em episódios isolados variando de cinco a sete, estão agora sob investigação por parte da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado.

O Governador Jerônimo Rodrigues tem um grande desafio pela frente para combater a violência policial no estado, e sua disposição para acolher críticas em prol do progresso pode ser o primeiro passo de muitos em sua missão de garantir a segurança e direitos humanos da população baiana.

Enquanto isso, relatos de vítimas sem antecedentes criminais, incluindo um jogador de futebol e um músico, chegam a indicar que os danos causados pela violência policial podem estar se estendendo além da população criminal e entrando na vida de cidadãos comuns.

Da mesma forma, o caso de Gabriel Silva da Conceição Júnior, uma criança de dez anos morto por bala perdida durante uma ação policial, tem inflamado a população local e detonado protestos, aumentando a indignação pública contra a violência policial na Bahia.

Importante ressaltar que, apesar das alarmantes taxas de violência, a polícia da Bahia não contabiliza esses casos de mortes em suas estatísticas. De acordo com uma nota divulgada em 21 de julho, o governo baiano justifica que “não coloca homicídio, latrocínio ou lesão dolosa seguida de morte praticado contra um inocente na mesma contagem dos homicidas, traficantes, estupradores e assaltantes, entre outros criminosos, mortos em confrontos durante ações policiais”.

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