São Paulo exclui-se do PNLD, porém preserva livros impressos em sua rede educacional. Decisão controversa gera debates.

Os alunos da rede estadual de São Paulo do 6º ao 9º ano receberão material didático impresso elaborado pelo governo paulista e terão também acesso aos livros digitais. Essa decisão veio após o governo estadual informar que não aderiu ao material didático e pedagógico do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) do Ministério da Educação (MEC) e que não utilizaria livros físicos em sala de aula, optando pelo material digital.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc) informou que fornecerá a todos os estudantes da rede os livros didáticos impressos alinhados ao currículo paulista, além de disponibilizar conteúdo digital para acesso em várias plataformas. A decisão de sair do PNLD nos conteúdos didáticos do 6º ao 9º ano tem sido criticada por pedagogos, professores e estudantes.

Manuella Mirella, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirma que essa é uma abertura perigosa que pode influenciar negativamente outras escolas e que não traz nenhum ganho para a educação. Ela também destaca a importância do programa do MEC, mas lamenta a perda de qualidade nos últimos anos, com interferência no conteúdo, perda de recursos e atraso nas compras de livros.

A deputada estadual Professora Bebel, ex-presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), afirma que a saída do estado do programa é um retrocesso, já que o governo está abrindo mão de mais de R$ 100 milhões e terá gastos duplos por imprimir apostilas. Ela defende que a apostila deve apenas complementar o livro didático, e não substituí-lo, para garantir o acesso à leitura e à escrita.

Helyane Guimarães, pedagoga, destaca a importância dos livros digitais, mas ressalta que a falta de recursos tecnológicos nas escolas prejudica a implantação desse formato. Ela também se preocupa com a retenção do aprendizado, citando experiências em outros países que indicam uma menor retenção de conhecimento com o uso de materiais digitais em comparação com materiais físicos.

O Programa Nacional do Livro e do Material Didático, do MEC, existe há mais de 85 anos e conta com a adesão de mais de 95% das redes de ensino do Brasil. Segundo o MEC, a permanência no programa é voluntária e as obras são avaliadas por professores e especialistas. A saída de São Paulo do programa tem sido questionada, e o MEC reafirma sua disposição em colaborar com estados e municípios para a construção de uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Em 2023, foram destinados mais de R$ 1 bilhão para a aquisição de livros didáticos e materiais, atendendo a estudantes e professores de todas as etapas da educação básica. O processo de seleção dos livros envolve a publicação de editais, a inscrição de obras pelas editoras e a avaliação por especialistas.

Apesar da importância dos recursos digitais, é necessário garantir a acessibilidade e considerar a realidade das escolas, que muitas vezes não possuem infraestrutura e acesso à tecnologia. Complementaridade entre o material impresso e o digital pode ser a melhor forma de garantir uma educação de qualidade para todos os estudantes.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo