Unicamp promove inclusão étnico-racial, expandindo cotas para os programas de pós-graduação.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) expressou seu compromisso com a inclusão e a equidade racial ao adotar um sistema de cotas étnico-raciais para admissão em seus cursos de pós-graduação. A decisão foi unanimemente aprovada pelos 60 membros do Conselho Universitário (Consu) em 1º de agosto.

Essa proposta expande as práticas existentes, já que a universidade atualmente reserva 25% das vagas nos cursos de graduação para candidatos autodeclarados pretos ou pardos. A Unicamp também está comprometida com a inclusão indígena, adotando um vestibular específico para alunos indígenas.

Segundo as novas diretrizes, “todos os programas de pós-graduação ficam orientados a estabelecer políticas de ações afirmativas em modalidades de cotas étnico-raciais (pretos, pardos, indígenas) em seus processos seletivos de ingresso”, diz o texto da resolução aprovada.

O sistema de cota precisa alocar no mínimo 25% das vagas em cada programa. Esse número pode ser aumentado até que o mesmo percentual de pessoas autodeclaradas pretas e pardas, de acordo com o recenseamento do estado de São Paulo, seja atingido. Esse índice corresponde atualmente a 37,2% da população, como indicado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Unicamp explica que essa medida solidifica oficialmente uma iniciativa que começou em 2015 com a adoção de políticas de cotas étnico-raciais nos cursos de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Outras unidades da universidade seguiram esse exemplo desde então.

Rachel Meneguello, Pró-Reitora de Pós-Graduação, descreve a aprovação dessa medida como um passo crucial na política de inclusão da Unicamp.

“Essa medida evidencia que o sistema de pós-graduação da Unicamp, amplamente reconhecido por sua qualidade e contribuição significativa para a produção científica e formação de recursos humanos, considera a inclusão como critério de excelência acadêmica, e está perfeitamente alinhada com as necessidades de desenvolvimento econômico e tecnológico do estado de São Paulo e do país, além de atuar na redução de desigualdades históricas.”, acrescenta Meneguello.

Emendas à medida ampliam possibilidade de cotas para outros grupos

Alem disso, os conselheiros da universidade aprovaram uma emenda que possibilite a criar cotas em programas de pós-graduação para outros grupos marginalizados na sociedade, como pessoas trans, reforçando assim, o compromisso com a inclusão e equidade.

Cotas no pós-doc

Em um anúncio paralelo, o reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, anunciou a publicação de um edital que prevê a reserva de vagas étnico-raciais para pesquisadores de pós-doutorado.

Meirelles sinalizou o significado dessas mudanças, concluindo que representam o fim de uma primeira etapa de inclusão na Unicamp. Estas iniciativas, disse ele, começaram há alguns anos com pontuações especiais para candidatos a cursos de graduação, evoluindo gradualmente para abranger a seleção de funcionários, a norma para seleção de docentes e, agora, a inclusão na pós-graduação e pós-doutorado.

“Continuamos enfrentando muitos desafios, mas meu sentimento é que passamos por uma jornada significativa que incluiu praticamente todos os setores principais da universidade”, concluiu.

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