A sociedade racista se reflete na polícia, segundo especialista.

A cidade do Rio de Janeiro continua abalada pela recente morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos. A diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, fez duras críticas ao trabalho da polícia nas áreas periféricas da cidade.
Segundo Olliveira, a letalidade da polícia é resultado da falta de uma política de segurança pública focada em prevenção e inteligência. Ela ressalta que a sociedade brasileira é racista e a polícia, como espelho dessa sociedade, age dentro de uma lógica de guerra às drogas, que por sua vez também é assumidamente racista.
A morte de Thiago Menezes Flausino não é um caso isolado, de acordo com Cecília. Ela destaca que a história do Rio de Janeiro está marcada pela morte e ferimento de crianças e adolescentes, e que é injusto que mães tenham que enterrar seus filhos e que crianças tenham que enterrar seus amigos.
Para a diretora do Instituto Fogo Cruzado, não haverá redução da violência armada no Brasil sem um movimento conjunto do governo e da sociedade. Ela critica a falta de metas de redução da letalidade policial e a ausência de um banco nacional de homicídios ou um banco nacional com informações sobre armas e munições.
A deputada estadual Renata Souza, do PSol, afirmou que o Estado deve ser responsabilizado pela morte de Thiago e de outras crianças negras nas favelas. Para Renata, a política pública do Rio de Janeiro é racista e genocida, indo contra os direitos humanos e as leis que deveriam proteger a população.
Em sua primeira agenda pública após ser solto, o ex-presidente Lula também se posicionou sobre a morte do jovem Thiago. Lula afirmou que não se pode culpar a polícia, mas destacou que o policial responsável por atirar em um menino indefeso não estava preparado psicologicamente para ser policial. O governador Cláudio Castro, presente no mesmo evento, presenciou as críticas de Lula.
O governo do estado do Rio de Janeiro e o comando da Polícia Militar foram procurados para comentar as declarações de Lula, mas não retornaram. O governador Cláudio Castro não compareceu à cerimônia de início das obras do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e à assinatura da portaria para redução dos voos no Aeroporto Santos Dumont, demonstrando que a polêmica em torno da morte de Thiago é um assunto urgente que precisa ser tratado pelo poder público.

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