Carros por aplicativo são a preferência dos brasileiros, superando os serviços públicos de transporte.

Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria revelou que os brasileiros preferem utilizar carros por aplicativo a serviços públicos de transporte. O estudo entrevistou 2.019 pessoas com mais de 16 anos, economicamente ativas em cidades do país com mais de 250 mil habitantes.

De acordo com os resultados, 64% dos usuários consideram o serviço oferecido por empresas como Uber e 99 como boas ou ótimas. O segundo meio de transporte melhor avaliado é o metrô, com 58% de aprovação. Em seguida vêm o trem, o táxi e, por último, o ônibus, com apenas 29% de avaliações positivas.

No quesito custo-benefício, o transporte privado também lidera a preferência dos brasileiros. A maioria considera ser mais vantajoso viajar com os motoristas de aplicativo do que enfrentar outras formas de locomoção.

Embora a preferência seja pelos automóveis, o ônibus é o meio de transporte coletivo mais frequentemente utilizado pela população. Metade dos entrevistados utilizam o modal diariamente. No entanto, o ônibus também é o meio de transporte coletivo com maior quantidade de reclamações, sendo citados problemas como falta de segurança, excesso de passageiros, frota insuficiente e atrasos.

A pesquisa também evidenciou a insatisfação quanto à gestão pública de mobilidade urbana. Para 57% dos entrevistados, o planejamento dos governos municipais e estaduais é insuficiente, enquanto apenas 24% responderam estar na média e apenas 16% julgam haver organização avançada.

Wagner Cardoso, gerente-executivo de infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria, destaca a necessidade de priorizar a atualização da Política Nacional de Mobilidade Urbana, afirmando que isso permitiria às cidades elaborar bons projetos e acessar recursos para melhorar o transporte público, com impacto na qualidade de vida do brasileiro.

Um estudo realizado pelo mesmo grupo em maio revelou que o Brasil precisaria investir R$ 295 bilhões até 2042 em mobilidade urbana nas 15 principais regiões metropolitanas do país. A quantia equipararia a infraestrutura de transportes desses municípios aos padrões da Cidade do México e Santiago, no Chile, que são referências na América Latina.

Segundo os pesquisadores, a maior parte desse investimento precisaria ser destinada para expansão de linhas de metrô, que é o segundo meio de transporte favorito dos brasileiros e o mais elogiado por sua pontualidade e limpeza.

O professor Rafael Castelo, do departamento de engenharia da PUC-SP, destaca a importância da confiabilidade para o usuário, ressaltando que sistemas sobre trilhos ou com vias segregadas e total priorização são a única forma de garantir a chegada ao destino no horário necessário. Em relação à expansão do metrô, Castelo compara a média de São Paulo, que é de 2 km por ano, com a de Londres, que ultrapassa os 2,5 km por ano.

Castelo sugere a implementação de VLTs e BRTs, além do investimento em transporte hidroviário, como alternativas para melhorar a mobilidade urbana. No entanto, ele ressalta que a opção de garantir uma viagem de porta a porta, como o transporte por aplicativo, é muito sedutora, estando disponível no horário necessário e por um preço acessível.

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