O autor do ataque à creche em Saudades (SC) foi sentenciado a uma pena de 329 anos e 4 meses de prisão.

O Tribunal do Júri da comarca de Pinhalzinho condenou nesta quinta-feira (10) o homem responsável pelo brutal ataque ocorrido em maio de 2021 em uma creche em Saudades, no oeste de Santa Catarina. Fabiano Kipper Mai, de 18 anos na época do crime, recebeu uma pena de 329 anos e 4 meses em regime fechado. O julgamento contou com a participação de seis mulheres e um homem no conselho de sentença.

Desde a data do crime, Mai estava preso preventivamente e optou por permanecer em silêncio durante a fase de interrogatório. No dia 4 de maio de 2021, ele entrou na Escola Municipal Infantil Pró-Infância Aquarela portando uma adaga que havia comprado pela internet. Após o ataque, que resultou na morte de duas professoras, Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, e Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos, além de três crianças com menos de dois anos, Mai teria tentado se suicidar, mas foi detido.

O réu foi acusado pelo Ministério Público de cinco homicídios qualificados, com motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de treze homicídios tentados também qualificados pelos mesmos motivos e um homicídio tentado qualificado. O julgamento, presidido pelo juiz Caio Lemgruber Taborda, da Vara Única da comarca de Pinhalzinho, teve início na quarta-feira (9) e contou com a participação de três vítimas, três testemunhas de acusação e três testemunhas de defesa.

A divergência sobre o possível diagnóstico de doença mental do réu foi o ponto central do primeiro dia de julgamento. Os assistentes técnicos da defesa e da acusação apresentaram a possibilidade de o réu sofrer de esquizofrenia paranoide, o que o tornaria incapaz de compreender a gravidade de seus atos. Para a defesa, ele não se reconhece como doente e apresenta uma compreensão distorcida da realidade. Já a acusação alega que ele possui deficiência mental leve e transtorno de personalidade, o que não o caracterizaria como inimputável.

A acusação destacou o planejamento detalhado do ataque, revelado pelo histórico de pesquisas na internet feitas pelo réu, incluindo busca sobre fabricação de bombas, ataques em escolas, compra de arma de fogo e conteúdos relacionados a ódio por crianças e mulheres. Também foi ressaltado que, inicialmente, o réu relatou com detalhes o crime ao delegado, mas posteriormente afirmou não ter lembranças do ocorrido. Segundo a acusação, isso indica uma suposta articulação do réu em mudar seu depoimento.

Diante desses argumentos, o Ministério Público concluiu que “em tudo houve método e intencionalidade”, segundo o assistente técnico da acusação. Com base nessas evidências, o Tribunal do Júri da comarca de Pinhalzinho condenou Fabiano Kipper Mai a uma pena de 329 anos e 4 meses em regime fechado.

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