O governo liderado por Tarcísio se nega a atender solicitação de imagens das câmeras dos policiais militares, revela ouvidor.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado de São Paulo foi acusada de ignorar um pedido da Ouvidoria das Polícias para ter acesso às imagens de câmeras corporais usadas por policiais militares nos casos com mortes na Operação Escudo, realizada no litoral paulista. Segundo o ouvidor Cláudio Aparecido da Silva, a solicitação das imagens das ações policiais em Santos e Guarujá foi feita há mais de uma semana, porém, até o momento, nenhuma resposta foi recebida.

Em uma reunião realizada nesta quinta-feira (9), o ouvidor e representantes de entidades de defesa dos direitos humanos se encontraram com o chefe do Ministério Público de São Paulo, Mário Sarrubbo, para discutir as denúncias de mortes de inocentes, ameaças a moradores e até mesmo casos de tortura durante a operação. Sarrubbo informou às entidades que os promotores responsáveis pelas investigações das mortes já receberam e estão analisando imagens de alguns casos.

A Ouvidoria, como responsável por apurar denúncias de crimes cometidos por policiais, tem a prerrogativa de requisitar qualquer prova necessária para realizar as investigações. No entanto, Aparecido afirmou que não houve qualquer diálogo entre o órgão de controle policial e a SSP a respeito das denúncias da Operação Escudo. O ouvidor lamentou o silêncio do governo, destacando que as imagens são fundamentais para elucidar as circunstâncias das mortes.

Além das imagens das câmeras corporais, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) solicitou à Polícia Científica a entrega dos laudos que determinam a causa da morte e analisam ferimentos nos cadáveres. Familiares das vítimas afirmam ter encontrado marcas nos corpos que indicam agressões, o que pode contradizer as versões dos policiais nos boletins de ocorrência.

Dimitri Sales, presidente do Condepe, desconfia das alegações do governo de que os laudos não apontam agressões por parte da polícia. Ele citou o exemplo de um jovem que faleceu e apresentava hematomas no rosto. De acordo com Sales, o foco agora é obter esses laudos para uma investigação mais aprofundada.

A SSP respondeu às acusações afirmando que todas as informações e imagens referentes às ocorrências com mortes durante a Operação Escudo são compartilhadas com os órgãos competentes, de acordo com a legislação. As investigações das ocorrências são realizadas pela Delegacia de Investigações Criminais (DEIC) de Santos, com assessoramento do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e pela Polícia Militar, conforme estabelecido pela lei de 1997.

Durante a reunião, também foi discutido o fato de o ouvidor das polícias estar sendo alvo de intimidações e ameaças. Aparecido relatou que recebeu uma ligação anônima em que foi questionado sobre sua rotina, segurança pessoal e compromissos. Além disso, ele já havia registrado um boletim de ocorrência por ameaça após ser citado em um grupo de troca de mensagens formado por agentes penitenciários. O procurador-geral apoiou a apuração das ameaças, solicitando que todos os casos sejam encaminhados ao Ministério Público.

A falta de transparência por parte da SSP e a recusa em disponibilizar as imagens das câmeras corporais levanta questionamentos sobre o comprometimento das autoridades em investigar as denúncias de abuso policial durante a Operação Escudo. As entidades de defesa dos direitos humanos esperam que o Ministério Público atue de forma imparcial e rigorosa na análise das evidências, garantindo justiça para as vítimas e punição para os responsáveis pelos abusos.

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