Estudantes paulistas se manifestam em prol de alterações no ensino médio e contra a utilização de livros digitais.

Alunos do ensino médio e universitários de São Paulo realizaram uma manifestação na manhã desta sexta-feira (11), Dia do Estudante, com o objetivo de reivindicar melhorias na educação. Dentre as demandas dos manifestantes, destaca-se a crítica ao anúncio do Governo de São Paulo de que não utilizaria os livros didáticos adquiridos pelo Ministério da Educação com o uso de materiais digitais. Além disso, os estudantes protestaram contra a instalação compulsória do aplicativo Minha Escola SP em celulares de professores e alunos.

Os manifestantes também cobraram a revogação da reforma do ensino médio, implantada em 2022 e atualmente em discussão, além da recomposição de verbas destinadas à educação. A Folha de São Paulo questionou o Ministério da Educação, porém, até o momento, não obteve qualquer posicionamento.

Centenas de estudantes se reuniram na região do Masp, na avenida Paulista, e depois se concentraram na frente da sede da Secretaria Estadual da Educação, localizada na praça da República.

Jade Beatriz, presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes) e uma das entidades organizadoras da manifestação, ressaltou a importância simbólica do Dia do Estudante e defendeu a recomposição do orçamento para a educação, a expansão dos institutos federais e a oferta de bolsas de permanência para estudantes de escolas públicas, especialmente para os que frequentam escolas de tempo integral.

No que diz respeito ao ensino médio, uma das reivindicações é a implementação de uma nova diretriz que garanta que 80% da carga horária semanal seja dedicada às disciplinas de base, como português e matemática. Conforme reportado pela Folha de São Paulo, o governo Lula (PT) planeja enviar um projeto de lei propondo essa mudança até o mês de setembro.

Jade Beatriz ainda completou que, embora o Enem não tenha sofrido alterações, o modelo de educação sim, já que o exame cobra conhecimentos de áreas que, muitas vezes, não foram devidamente abordadas durante o ensino médio. Em vez de aulas que ensinem a fazer brigadeiro ou bolo de pote, ela defende a criação de aulas que direcionem os estudantes para o ensino técnico, a área científica e que ofereçam a experiência proporcionada pelos institutos federais.

Os manifestantes também se opuseram à utilização de livros digitais pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), argumentando que muitos alunos, sobretudo os da periferia, não têm garantia de acesso a esses materiais.

Thais Oliveira, educadora social, universitária e membro do Coletivo Juntos, também mencionou a sobrecarga de trabalho dos professores como uma das preocupações. Ela afirmou que a revogação do novo ensino médio e a manutenção dos livros didáticos são importantes porque os professores acabam sobrecarregados, tendo que ministrar aulas para as quais não foram devidamente preparados e abordando conteúdos que não dominam. Oliveira acredita que isso leva à precarização da profissão docente, sendo que os livros didáticos são fundamentais para o desenvolvimento das aulas.

Em resposta às reivindicações, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc) afirmou estar aberta ao diálogo e que, em julho, anunciou a simplificação dos itinerários formativos do novo ensino médio, reduzindo-os de 12 para três, após conversas com a rede de ensino, especialistas em educação e o Conselho Estadual de Educação. A Seduc também informou que continua ativa no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) para a distribuição de livros literários. Segundo a secretaria, todos os estudantes da rede terão acesso a livros didáticos impressos alinhados ao currículo estabelecido no estado de São Paulo, além de conteúdo digital disponível em diversas plataformas, desenvolvido pela Coordenadoria Pedagógica da pasta.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo