Batalhão perde comandante após morte de menores no Rio de Janeiro. Decisão é tomada como medida de responsabilização.

A Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro optou por afastar o comandante do batalhão da Ilha do Governador após o trágico incidente ocorrido pela manhã deste sábado (12), quando um adolescente de 17 anos e uma criança de cinco anos perderam suas vidas devido a disparos de armas de fogo.

Em comunicado, a instituição afirmou que a decisão foi tomada para garantir uma investigação mais íntegra e transparente dos fatos ocorridos durante a manhã de sábado. O tenente-coronel Fábio Cardoso havia assumido o posto em janeiro deste ano.

De acordo com informações da Polícia Militar, equipes do batalhão estavam realizando patrulhamento na região quando tentaram abordar dois homens em uma motocicleta. Segundo relatos, o passageiro da moto estava portando uma pistola e teria disparado contra os policiais, que revidaram.

O adolescente de 17 anos foi atingido durante essa ação e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros em estado grave, mas infelizmente já chegou ao Hospital Municipal Evandro Freire sem vida. O condutor da motocicleta foi detido e levado para a delegacia.

Após a morte do adolescente, moradores da comunidade do Dendê manifestaram sua revolta e atearam fogo em pelo menos três ônibus. Durante a realização dos protestos, Eloá Passos, uma menina de apenas cinco anos, foi atingida dentro de sua própria casa enquanto brincava na cama.

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, essa foi a sétima criança morta por disparos de arma de fogo no estado do Rio de Janeiro em 2022. Ao todo, 16 crianças menores de 14 anos foram baleadas no mesmo período, sendo 12 vítimas de balas perdidas.

A Polícia Militar afirmou que não houve operação policial no interior da comunidade e que foi aberto um procedimento para investigar as circunstâncias dos eventos. As investigações estão a cargo das equipes da Polícia Civil.

As mortes levaram a uma forte reação. A plataforma Fogo Cruzado, em conjunto com o jornal A Voz das Comunidades, declarou que é impressionante que tantas crianças sejam vítimas da violência armada e que não haja um esforço suficiente por parte das esferas municipal, estadual e federal para interromper essa tragédia. “O futuro da metrópole está sendo exterminado”, concluíram.

A ONG Rio de Paz também se pronunciou sobre o caso, escrevendo: “Nossa casa deveria ser o lugar mais seguro, mas não para Eloá, de cinco anos, que foi morta por uma bala perdida em seu quarto na manhã de sábado”.

A reportagem procurou o governo estadual para obter uma entrevista sobre o assunto, mas ainda não obteve resposta. Em um comunicado, o governo afirmou que tem investido fortemente nas forças de segurança, principalmente em tecnologia e treinamento. Eles ressaltaram que, durante a atual gestão, houve uma redução histórica nos crimes contra a vida, registrando os menores números de homicídios dolosos e letalidade violenta em 31 anos, desde o início da série histórica do Instituto de Segurança Pública.

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