Dona Flor do Moinho, conhecida parteira e raizeira, recebe merecida homenagem póstuma por seus serviços prestados.

“Em uma noite estrelada, a flor retornou à terra”. Foi dessa forma que a morte de Dona Flor do Moinho foi comunicada em suas redes sociais. A parteira e raizeira que vivia no povoado de Moinho, na Chapada dos Veadeiros (GO), morreu esta semana aos 85 anos. “Todas as flores que ela semeou germinaram e germinarão”, concluiu o post, feito no perfil oficial de dona Flor.

Dona Flor do Moinho era conhecida por sua sabedoria e bondade, tendo ajudado diversas mulheres a darem à luz e a tratarem de problemas de saúde utilizando plantas medicinais. Sua importância na comunidade era tão grande que seu falecimento deixou uma marca profunda nos corações das pessoas que a conheciam e admiravam.

Isabelle Araújo, fotógrafa e seguidora de dona Flor do Moinho, expressou sua gratidão por ter conhecido a parteira durante uma de suas gestações. “Que sorte eu tive de conhecê-la pessoalmente. De ela segurar minha barriga e abençoar meu filho. De ter ouvido o puxão de orelha dela. Aceita isso aí que tá dentro de você, menina. Aceita de coração porque isso aí é pura vida”, escreveu emocionada.

A sabedoria de dona Flor do Moinho era única. Segundo relatos de Isabelle, a parteira costumava dizer que as mulheres grávidas tinham vida em suas mãos e por isso eram as mais indicadas para plantar. “Tá com vida nela toda e a planta sente”, dizia dona Flor. Sua crença na conexão entre natureza e vida era uma de suas marcas registradas.

Dona Flor do Moinho cumpriu sua missão nesta terra, deixando um legado de amor, cuidado e conhecimento. Mara Régia, jornalista do programa “Viva Maria” da Rádio Nacional, prestou uma homenagem emocionante à parteira. “Justo quando se prepara para fazer florir margaridas no chão de Brasília, uma flor muito especial acaba de deixar o chão de sua terra para viver a eternidade dos céus”, disse Mara, fazendo referência à Marcha das Margaridas, um evento que promove a valorização das mulheres do campo e acontece na próxima semana na capital federal.

Mara também compartilhou uma mensagem deixada por dona Flor do Moinho para ser colocada em sua lápide. “Quando eu morrer, não quero choro. Quero todo mundo alegre. Já vivi o que tinha que viver. Já fiz o que tinha que fazer. Cumpri minha missão aqui na terra. Na minha morte, a única coisa que quero é perdão e água. Porque gerei na água, vivi minha vida toda na água e não quero morrer com sede”, dizia a mensagem.

Dona Flor do Moinho deixará saudades em sua comunidade e em todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. Sua vida foi regada de generosidade e cuidado com o próximo, deixando um exemplo a ser seguido por todos. Sua memória será preservada e sua mensagem ecoará por gerações.

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