Estudo revela taxa de crescimento preocupante na quantidade de plástico no oceano, mesmo sendo menor do que se imaginava anteriormente.

Estudo indica que poluição plástica nos oceanos é menor do que se pensava

Há menos poluição plástica indo da terra para o oceano do que cientistas pensavam previamente, segundo estudo publicado na última segunda-feira (7) na revista Nature Geoscience.

Os pesquisadores estimaram que cerca de 500 mil toneladas de plástico vão parar no oceano a cada ano, sendo que metade disso vem da terra. A outra metade vem da indústria pesqueira, na forma de redes, cordas, boias e outros equipamentos.

Um estudo anterior, publicado em 2015 e amplamente divulgado, estimou que cerca de 8 milhões de toneladas de plástico estariam entrando no oceano a cada ano vindas apenas de rios.

A nova pesquisa pode parecer uma boa notícia, mas o cenário, mesmo assim, é complicado: segundo o estudo mais recente, a quantidade de plástico no mar está aumentando em cerca de 4% por ano.

Mesmo um aumento anual pequeno resulta em um acúmulo enorme ao longo do tempo. Os autores concluíram que dentro de 20 anos a quantidade de plástico presente na superfície do mar pode dobrar.

“Estamos acumulando mais e mais plástico no meio ambiente”, disse Mikael Kaandorp, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorando no instituto de pesquisa Forschungszentrum Jülich, de Jülich, Alemanha.

Poluição plástica prejudica fauna e flora marinha e humanos

Animais marinhos podem se enredar em redes de pesca descartadas, cordas e embalagens. Muitos também adoecem ou ficam feridos por ingerir plástico. Alguns animais morrem de inanição porque seu sistema digestivo fica obstruído por plástico.

Pedacinhos muito pequenos de plástico, chamados microplásticos, podem facilmente subir pela cadeia alimentar, passando dos peixes e outros frutos do mar para os humanos. Às vezes, esses microplásticos já absorveram substâncias químicas tóxicas ou ficaram revestidos delas.

Em terra, o plástico que não entra no mar ainda polui rios, lagos, praias e a terra.

Antecedentes

O estudo de 2015 foi um dos primeiros esforços de pesquisa abrangentes para contabilizar quanto plástico acaba chegando ao oceano. Mas houve uma discrepância grande entre sua estimativa de 8 milhões de toneladas e a quantidade de plástico observada no oceano. Estudos mais recentes vêm procurando abordar essa disparidade.

O artigo publicado na segunda-feira combinou dados de muitos estudos anteriores que coletaram amostras de plásticos pequenos no oceano usando redes de arrastão ou que observaram plásticos maiores desde navios ou da costa. Os pesquisadores inseriram esses dados em um modelo computadorizado de como os objetos se movem pelo oceano para estimar quanto plástico está entrando no oceano a cada ano e quanta poluição plástica total está flutuando na superfície do mar.

A maior parte da poluição plástica total no oceano é plástico flutuante, e isso é o mais problemático para os animais marinhos, porque o plástico flutuante pode facilmente ser ingerido.

O novo estudo estimou quem em 2020, aproximadamente 3,2 milhões de toneladas métricas de dejetos de plástico estavam boiando na superfície do mar e sugeriu que essa poluição marinha permanece na superfície por mais tempo do que se pensava previamente.

O que vem a seguir

Uma vez que está no oceano, é difícil remover a poluição plástica. Tentar fazê-lo seria um desafio tanto logístico quanto ecológico: não há como recolher o plástico sem também recolher e prejudicar a fauna marinha nesse processo. E os humanos estão jogando mais plástico no mar o tempo inteiro.

Kaandorp disse que as estimativas feitas por seu estudo sobre esse acúmulo continuado destacaram a importância de interromper o fluxo. “O estudo mostra que realmente precisamos tomar medidas”, ele disse. “Vai levar um tempo realmente longo até esses plásticos serem removidos de nossos mares.”

Este ano, países concordaram em começar a redigir um tratado global para reduzir a poluição por plásticos.

“A política não está acompanhando a velocidade em que o problema se agrava”, disse Marcus Eriksen, cofundador da organização sem fins lucrativos 5 Gyres, que trabalha para reduzir a poluição por plásticos.

Eriksen publicou um estudo em março que estimou quantidades semelhantes de plástico flutuando no mar e concluiu que esse tipo de poluição vem crescendo rapidamente desde 2005.

“O tratado da ONU pode mudar isso”, ele disse, se regulamentar que tipos de produtos de plástico podem ser fabricados, fizer os fabricantes ser mais responsáveis pela reciclagem e for legalmente vinculativo.

Tradução de Clara Allain

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