A renúncia de Jackson ocorre após pressões relacionadas ao repasse de verbas públicas a fundações ligadas ao partido Revolução Democrática, que compõe a frente de apoio ao presidente Gabriel Boric. Uma das fundações, a Democracia Viva, recebeu cerca de US$ 530 mil (R$ 2,59 milhões).
Em comunicado, Jackson afirmou que decidiu se afastar após constatar que sua presença no governo estava sendo usada como desculpa pela oposição para não avançar nos acordos necessários para o país. Ele agradeceu a confiança depositada pelo presidente Boric, destacando que informou sua decisão a ele.
Apesar da proximidade entre Jackson e Boric, o ministro já não estava no núcleo duro do governo. Anteriormente, ele ocupava o cargo de secretário-geral da Presidência, mas foi substituído durante uma reforma ministerial.
Jackson e Boric construíram suas carreiras políticas juntos como líderes estudantis, passando pelo Congresso e alcançando o governo. Boric se tornou o presidente mais jovem a assumir a presidência do Chile aos 36 anos.
No entanto, Boric enfrenta atualmente uma profunda crise de popularidade. Logo no primeiro ano de seu mandato, a mobilização popular que o elegeu foi perdendo força, especialmente entre os setores da esquerda, quando os chilenos rejeitaram a nova Constituição proposta pelo governo. Posteriormente, a ultradireita saiu vencedora na eleição da nova Constituinte em 2023, revelando um vácuo político no centro.
A popularidade de Boric atingiu índices negativos, com 70% de reprovação nos primeiros meses de janeiro, segundo pesquisas. A renúncia de Jackson representa um golpe para o presidente esquerdista, que agora terá que lidar com mais desafios para manter a estabilidade política em seu governo.