Será que as mulheres são naturalmente destinadas a serem rivais? Uma reflexão sobre os estereótipos de competição feminina.

Nesta semana, tive a oportunidade de ser entrevistado pela antropóloga Mirian Goldenberg, em um novo projeto. Aceitei o convite não porque achei que tinha algo importante a dizer, mas sim porque ela é minha amiga e conversar com ela sobre assuntos em que é especialista é um presente.

Durante as duas horas de conversa, Mirian fez uma pergunta que me pegou desprevenido: “Há algo que você valoriza mais do que o amor, o casamento e o trabalho. Isso é evidente em todas as suas postagens. O que é?”. Em um primeiro momento, pensei que poderia ser a bebida, já que sou frequentemente visto com um copo nas mãos em festas, restaurantes ou na praia. No entanto, ela afirmou que não se referia a isso.

Mirian interrompeu meus devaneios e disse: “São as amizades com outras mulheres”. Essa resposta me salvou de mais alguns anos de terapia, pois ela apontou algo que nem eu mesmo havia percebido. De fato, ao pensar nas minhas amizades, percebo que elas são uma parte fundamental da minha vida. Algumas delas existem há tanto tempo que se confundem com a minha própria história. Elas têm estado ao meu lado nos melhores e piores momentos, sorrindo, gargalhando, me levando pelas mãos e me acolhendo com palavras.

Tenho fascínio pelas mulheres, tanto aquelas parecidas comigo quanto as completamente diferentes. Elas me completam e me mostram o mundo sob uma perspectiva diferente da minha. Nunca pediria para ser outra coisa que não uma mulher, caso a reencarnação seja real. Estou presente, disposta a viajar e a estender a mão para estar ao lado delas, não porque sou boazinha, mas sim porque preciso delas para me alimentar de vida, amor, juízo e loucura.

No entanto, é importante destacar que nem todas as mulheres são do meu agrado. Muitas delas eu prefiro manter uma certa distância. Recentemente, tenho ouvido a afirmação de que as mulheres são criadas para competir, algo que, confesso, é uma novidade para mim. A minha criação sempre valorizou a união entre mulheres, já que minha mãe e minha avó sempre tiveram amigas presentes em suas vidas. Eu testemunhei a importância desses laços desde pequena, quando sentava na mesa da cozinha da minha avó e ouvia suas conversas, alegrias e dramas. Era mais do que um simples encontro entre amigas, era um pacto sagrado de comunhão.

Minha criação foi baseada na sobrevivência, sem preocupações em ser mais bonita, mais inteligente ou mais habilidosa que as outras mulheres. Nunca fui ensinada a ser assim para conquistar um bom casamento, como algumas teorias afirmam. Na minha família, o matriarcado sempre esteve presente e vi minha mãe, minha avó e minhas tias estudarem, trabalharem e conquistarem posições importantes em suas áreas, enquanto também cuidavam dos filhos e dos afazeres domésticos.

Mirian me disse que a amizade entre mulheres é um dos principais fatores para um envelhecimento saudável. Isso faz todo o sentido para mim, já que minhas amigas são o alicerce da minha vida e o meu porto seguro na velhice. E sei que essa reciprocidade é mútua. Portanto, recomendo a todas as mulheres valorizarem e cultivarem suas amizades femininas, pois elas são verdadeiros tesouros que nos sustentam ao longo da vida.

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