Monumentos em memória às vítimas da ditadura na Argentina são alvo de vandalismo, revelando falta de respeito e censura.

Durante as eleições primárias na Argentina, que definem os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais de outubro, placas em homenagem às vítimas da ditadura militar (1976-1983) apareceram pichadas com mensagens de ódio e alusões ao candidato ultradireitista à presidência, Javier Milei.

As placas, que traziam os nomes das vítimas da ditadura, foram pichadas em três colégios da cidade de Buenos Aires. Em um deles, estudantes da Escola de Comércio Carlos Pellegrini, no bairro da Recoleta, realizaram um ato de repúdio ao vandalismo e limparam as placas que listam os nomes dos professores e alunos assassinados pela ditadura.

A reitora do colégio, Ana Barral, lamentou o ato de violência simbólica e enfatizou a importância de conviver democraticamente e respeitar os direitos humanos. Ela ressaltou que as placas são uma memória das vítimas de um Estado terrorista e destacou que este ano marca os 40 anos de democracia ininterrupta na Argentina.

As placas vandalizadas foram instaladas nas calçadas de Buenos Aires a partir de 2005 pela iniciativa da organização “Bairros pela Memória e Justiça”. Elas visam homenagear as vítimas da ditadura, que, segundo organizações de direitos humanos, deixou cerca de 30 mil mortos e desaparecidos. As placas são colocadas em locais onde essas pessoas estudavam, trabalhavam, moravam ou foram sequestradas pelos agentes da repressão.

Uma das pessoas presentes no ato de repúdio e limpeza das placas foi a fotógrafa Silvana Colombo, cujo irmão, Sergio, foi sequestrado aos 19 anos durante a ditadura. Sergio era ativista estudantil e estava cursando medicina na época. Silvana tinha apenas 9 anos quando seu irmão desapareceu.

O ato de pichar as placas é uma afronta à memória das vítimas da ditadura e demonstra a persistência de ideias autoritárias e negacionistas por parte de alguns setores da sociedade argentina. No contexto das eleições primárias, é importante destacar que as políticas de memória, verdade e justiça são um tema central para o fortalecimento democrático e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

É fundamental que casos como esse sejam investigados e punidos para que a violência simbólica e o ódio não prevaleçam na sociedade argentina. A memória das vítimas da ditadura deve ser preservada e respeitada como um lembrete constante do período sombrio da história do país e como um compromisso com a defesa dos direitos humanos e da democracia.

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