Pesquisa em São Paulo irá comparar exoesqueletos com objetivo de desenvolver protótipo nacional.

A pesquisadora Linamara Rizzo Battistella, renomada professora de fisiatria na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e ex-secretária estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência, está prestes a apresentar um projeto inovador à comissão de ética da instituição. Seu objetivo é comparar quatro modelos de exoesqueletos e, com base nos melhores resultados, criar um equipamento nacional a ser utilizado no SUS (Sistema Único de Saúde).

Um dos modelos que será analisado é o conhecido Lokomat, produzido pela empresa suíça Hocoma e utilizado na Rede Lucy Montoro desde 2016. Segundo Battistella, esse equipamento trouxe avanços significativos na reabilitação, proporcionando aos pacientes a oportunidade de treinar a marcha de forma segura e prazerosa. No entanto, o Lokomat apresenta limitações, como a falta de movimento de sentar e levantar e a ausência de atividades que estimulem o desenvolvimento motor e cognitivo, como andar para os lados, para trás e desviar de obstáculos.

Outro modelo em negociação é o Atalante X, desenvolvido pela empresa francesa Wandercraft. Esse exoesqueleto se destaca por ser leve, fácil de vestir e adaptável para pacientes de diferentes alturas. Nos Estados Unidos, ele já foi aprovado para uso em pacientes com paralisia em um dos lados do corpo decorrente de AVC. Além disso, está sendo considerado o exoesqueleto da ExoAtlet, empresa russa adquirida em 2018 por uma companhia sul-coreana. Esse equipamento é ajustável a pacientes de diferentes alturas e possui alta capacidade de bateria. O último modelo previsto no projeto é o da empresa chinesa Fourier Intelligence, que apresenta características diferentes dos demais, como a estrutura de contenção do tronco e um preço mais atrativo.

Na primeira fase do estudo, Battistella e sua equipe irão comparar a segurança e a aplicação de cada exoesqueleto. Aqueles que obtiverem melhores resultados serão adquiridos. Na segunda fase, a intenção é definir qual modelo é mais adequado para cada tipo de lesão medular e quanto tempo de treinamento é necessário para melhorar a marcha assistida. A pesquisadora acredita que esse estudo trará resultados importantes para a melhora da qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a se manterem ativos e funcionais ao longo do tempo.

Mesmo sendo um projeto desafiador, Battistella está confiante de que, com a ajuda de colegas da Escola Politécnica da USP, será possível desenvolver um exoesqueleto nacional. Ela acredita que ter um modelo nacional trará benefícios como a redução no valor de compra, rápida reposição de peças e desenvolvimento tecnológico. Além disso, representa um novo significado para os pacientes, proporcionando-lhes qualidade de vida e a possibilidade de envelhecer com a mesma funcionalidade adquirida durante o processo de reabilitação.

O projeto de Linamara Rizzo Battistella é uma iniciativa pioneira no Brasil e promete trazer avanços significativos na área de reabilitação de pessoas com deficiência. A pesquisa está em fase de negociação com as empresas fabricantes dos exoesqueletos e aguarda o parecer da comissão de ética para dar continuidade.

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