Thales contou que inicialmente tentava manter viva a memória de Paulo Gustavo mostrando fotos dele para os filhos. No entanto, percebeu que essa abordagem era desafiadora para as crianças, que muitas vezes se afastavam e mudavam de assunto. Eles não entendiam por que o pai não estava presente e questionavam se era um abandono.
A explicação dada por Thales para os filhos era de que Paulo Gustavo havia ficado doente e foi para o céu. “Eu sempre fazia essa brincadeirinha”, disse o médico. No entanto, agora que Gael e Romeu estão mais crescidos, eles começaram a comparar sua família com a de outras crianças e questionar a ausência do pai.
“Eles às vezes têm perguntado: cadê o outro pai ou por que fulano tem pai e mãe, o outro tem dois pais, o outro tem duas mães, cadê o nosso? E eu explico sempre: vocês tiveram dois pais, que queriam muito ter vocês. A gente pegou duas barrigas emprestadas, porque a gente é homem e não pode ter. E elas trouxeram vocês com muito amor”, relata Thales.
O médico também conta que um dia Romeu perguntou por que o “papai Paulo” foi para o céu. Ele explicou ao filho que, às vezes, as pessoas ficam doentes e não conseguem melhorar, então vão para o céu. No entanto, Thales ressalta que não queria que Paulo Gustavo tivesse ido para o céu e que percebe a dificuldade que suas crianças têm em processar essa perda.
Paulo Gustavo faleceu em maio de 2021, aos 42 anos, vítima de complicações da covid-19. Na época, seus filhos tinham apenas um ano de idade. A ausência do pai tem sido um desafio para Gael e Romeu, que estão em processo de compreensão e aceitação da morte.
Thales Bretas tem buscado apoio profissional para ajudar as crianças a lidarem com a perda e passarem por esse momento delicado. Ele ressalta a importância de oferecer suporte emocional e explicar de maneira adequada às crianças sobre a morte, adaptando as explicações de acordo com a idade e o entendimento delas.