Pesquisadoras de São Paulo criam pomada eficaz na cicatrização de feridas, prevenindo o aparecimento de queloides. Inovação médica promissora.

Pesquisadoras do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) do Instituto Butantan estão realizando testes com uma pomada de alto poder cicatrizante, cujo princípio ativo é produzido a partir de um fungo encontrado na Caatinga brasileira. Em parceria com a startup BiotechnoScience Farmacêutica, o uso tópico da pomada mostrou-se eficiente na regeneração do tecido da pele machucada, sem deixar cicatrizes ou queloides.

Segundo a CEO da BiotechnoScience Farmacêutica, Tainah Colombo Gomes, a pomada auxilia no processo de cicatrização natural, estimulando a produção de colágeno no tecido. Isso resulta em uma cicatrização mais uniforme, sem a formação de queloides. A pesquisadora ressalta que a pomada em desenvolvimento é segura para uso tópico e produz mais colágeno do que as pomadas já disponíveis no mercado atualmente.

A tecnologia por trás da criação da pomada foi desenvolvida pelos pesquisadores Ana Olívia Souza e Durvanei Augusto Maria do LDI do Instituto Butantan. Durante o estudo, eles descobriram o potencial cicatrizante da molécula produzida pelo fungo Exserohilum rostratum, presente na vegetação da Caatinga. A Caatinga foi escolhida para esse estudo por ser um ambiente pouco explorado e com uma rica biodiversidade.

Os princípios ativos produzidos pelo fungo foram testados no laboratório e mostraram ação antibiótica, sendo capazes de combater bactérias e fungos. Ao observarem o potencial antitumoral desses princípios ativos, eles perceberam que uma das moléculas poderia ter efeito na regeneração celular relacionada à cicatrização de feridas.

Após vários testes e estudos pré-clínicos, o poder cicatrizante da pomada foi comprovado. Em 2018, foi solicitada a patente da formulação com ação cicatrizante junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Para dar continuidade à pesquisa, Tainah buscou financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e acabou criando a BiotechnoScience Farmacêutica.

De acordo com o gerente de Inovação e Licenciamento Tecnológico do Butantan, Cristiano Gonçalves, a patente poderá ser licenciada para a BiotechnoScience Farmacêutica, que está desenvolvendo o produto de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para registro de produto dermatológico. Os royalties pagos pela empresa ao Butantan serão utilizados para ressarcir os gastos com a patente e impulsionar novas pesquisas.

Essa parceria entre o Instituto Butantan e a startup BiotechnoScience Farmacêutica mostra o potencial da ciência e inovação brasileiras na busca por soluções sustentáveis e eficientes para a saúde e bem-estar da população. A pomada cicatrizante desenvolvida a partir do fungo da Caatinga espera ajudar no tratamento de feridas e lesões de forma mais eficaz, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

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