Barretos homenageia Bolsonaro como cidadão honorário, gerando polêmica. Já a Festa do Peão põe à prova o suposto “legado”.

No município de Barretos, localizado a 423 km de São Paulo, a Câmara Municipal aprovou a concessão do título de cidadão honorário para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa decisão tem causado polêmica entre a oposição e também deverá testar o impacto do legado do ex-presidente no mundo dos rodeios.

O setor dos rodeios já demonstrava simpatia por Bolsonaro, mas sua relação se fortaleceu ainda mais depois que ele anunciou, em 2019, durante a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, um decreto que flexibilizava a legislação para esse tipo de evento em todo o país. Essa medida dificultava a ação de entidades de proteção animal que pretendiam entrar com ações judiciais contra os rodeios.

Apesar de não ter sido o primeiro político a manifestar apoio aos rodeios, nem o único a adotar iniciativas favoráveis ao setor, Bolsonaro é, sem dúvidas, o ex-presidente mais presente nas edições da festa de Barretos desde 2017.

Durante a última edição do evento, no ano passado, Bolsonaro foi recebido como um herói e salvador pelos organizadores. Ele até mesmo montou a cavalo e sua presença motivou um locutor a fazer uma oração. Nesse contexto, o vereador Paulo Correa do partido PL apresentou o projeto na Câmara alegando que o currículo do ex-presidente já justificava a honraria, tendo em vista seus trabalhos em prol de Barretos, do agronegócio, do estado e do país.

Os aliados de Bolsonaro na cidade desejam que ele receba o título na próxima sexta-feira, dia do aniversário de Barretos e durante a Festa do Peão, mas ainda não há uma confirmação oficial sobre a data.

Bolsonaro implantou duas medidas importantes relacionadas aos rodeios. A primeira foi o decreto que determina que o Ministério da Agricultura deverá avaliar os protocolos de bem-estar animal elaborados pelas organizações que realizam rodeios. Essa medida foi vista de forma positiva pelos organizadores dos eventos, pois limita as ações judiciais contra a realização dos rodeios.

Além disso, Bolsonaro instituiu o Dia Nacional do Rodeio, que será comemorado no dia 4 de outubro, data dedicada a São Francisco de Assis, padroeiro dos animais. Essa iniciativa, no entanto, recebeu críticas de associações de proteção.

Antes de Bolsonaro, outros presidentes também se mostraram favoráveis aos rodeios. Em 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou uma lei que garantiu aos peões de rodeio o status de atletas, com direito a seguro de saúde e previdência social. No ano seguinte, Cardoso assinou uma lei que regulamentou os rodeios e estabeleceu normas sanitárias para a proteção dos animais.

Dilma Rousseff, em 2011, sancionou uma lei que concedeu a Barretos o título de “capital nacional do rodeio”. Porém, Luiz Inácio Lula da Silva é visto com ressalvas pela organização do evento, pois obteve uma votação menor em comparação a Bolsonaro na cidade de Barretos.

A concessão do título de cidadão honorário a Bolsonaro tem gerado atritos políticos na cidade, com o PSOL divulgando uma nota de repúdio. O partido critica a política genocida de Bolsonaro durante a pandemia e questiona a aprovação da honraria.

A associação responsável pela organização da Festa do Peão, Os Independentes, costuma convidar apenas governadores e presidentes no exercício do cargo para o evento. De acordo com seu presidente, Hussein Gemha Júnior, Lula já foi convidado, mas ainda não confirmou presença. Já o governador Tarcísio de Freitas possui uma pré-confirmação para o dia 25, mesma data em que os aliados de Bolsonaro desejam a entrega do título.

Outros políticos também são aguardados na festa, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Gilberto Kassab, secretário de Governo de Tarcísio, já participou da abertura do evento no último dia 17.

O presidente da associação ressalta que a presença de políticos de diferentes partidos mostra a força da festa e a união não apenas na política local, mas também na política nacional.

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