Indígena vítima de garimpeiros em Roraima perde a vida em trágica ocorrência.

 

Um indígena da comunidade Uxiú, no Alto Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, morreu no último domingo (20) após ser baleado durante um ataque de garimpeiros ocorrido em abril deste ano. Venâncio Xirixana foi atingido por tiros na região do intestino, o que desencadeou uma infecção que culminou em sua morte, de acordo com informações da Associação Indígena Ninam (Taner) e da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

Além da morte de Venâncio, o agente de saúde indígena Ilson Xirixana também perdeu a vida durante a investida dos garimpeiros. Ele não resistiu após ser atingido por um tiro na cabeça. Outra pessoa, cujo nome não foi divulgado, foi ferida por arma de fogo, mas sobreviveu.

As lideranças yanomami estão exigindo a elucidação do caso e a punição dos responsáveis pelo ataque à comunidade. Eles afirmam que não aguentam mais ver o sangue dos indígenas sendo derramado em seu próprio território por invasores, que não apenas roubam suas riquezas, mas também devastam, contaminam e matam. As entidades pedem por justiça e solicitam aos órgãos públicos que tomem medidas urgentes para retirar os garimpeiros de sua Terra-Floresta, para que não haja mais mortes.

No início deste mês, a HAY, a Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME) e a Urihi Associação Yanomami divulgaram, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), um relatório intitulado “Nós Ainda Estamos Sofrendo”. O documento aponta que algumas medidas adotadas pelo poder público surtiram efeito, mas parte dos garimpeiros retornou ao território yanomami por via fluvial. De acordo com as lideranças, esses invasores têm permanecido em pontos próximos às aldeias, como Papiu, Parafuri, Xitei e Homoxi, e chegam de helicóptero em voos regulares.

Este mês marca o 30º aniversário do Massacre de Haximu, um episódio emblemático na história dos yanomami. Em 1993, garimpeiros ilegais do Alto Orinoco desrespeitaram um acordo feito com os yanomami que viviam em uma região montanhosa de fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Sete garimpeiros convidaram seis indígenas para caçar e executaram quatro deles durante o percurso. Em retaliação, os yanomami assassinaram um dos garimpeiros. Pouco mais de um mês depois, um grupo de garimpeiros invadiu a aldeia e matou a tiros e golpes de facão 12 yanomami, incluindo mulheres, crianças e idosos.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas aguarda retorno.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo