A influência da IA no trabalho dos criadores: música, filmes, livros e artes visuais. Vamos analisar como isso ocorre.

No ano de 2022, um americano causou alvoroço ao revelar que sua obra premiada em um concurso regional de arte nos EUA havia sido criada por um programa de inteligência artificial chamado Midjourney. Essa revelação gerou grande repercussão e, um ano depois, o software se popularizou e já existem artistas utilizando programas semelhantes em seus projetos.

Essa popularização das ferramentas de inteligência artificial também trouxe consigo alguns abusos. No mercado editorial, por exemplo, começaram a surgir livros ilustrados por IA, como uma polêmica edição de “Alice no país das maravilhas”. No entanto, quando se trata de textos, autores e editores acreditam que os humanos ainda detêm o monopólio da criatividade, deixando para as máquinas apenas tarefas auxiliares.

Na música, os fãs foram surpreendidos com a canção “Heart on my sleeve”, criada por um software treinado para reproduzir as vozes de Drake e The Weeknd. Embora não tenha enganado muita gente, essa iniciativa abriu espaço para o surgimento de ídolos artificiais, além da ressuscitação de artistas falecidos, como o caso de Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., que voltou a cantar “O Sol” de Vitor Kley em uma versão encontrada no YouTube.

No entanto, também surgem questões éticas no uso da inteligência artificial, como no caso de um comercial com Elis Regina, que levantou discussões sobre a recriação eterna da imagem de artistas falecidos e a multiplicação de figurantes anônimos. Além disso, o questionamento sobre a propriedade desse conteúdo ainda não possui respostas claras, como destaca a especialista Dora Kaufman.

A utilização da inteligência artificial nas artes apresenta diversos impactos e expectativas. No audiovisual, apesar da falta de regulação, já é possível observar algumas transformações. Na música, buscamos cada vez mais a recriação de batidas perfeitas. Na literatura, a ferramenta é vista como útil, mas não substitui a criatividade humana. E nas artes plásticas, o futuro parece estar longe dos extremos da catástrofe e do entusiasmo.

No entanto, ainda são muitas as perguntas sem resposta nesse campo. Como podemos propor e desenvolver um marco regulatório para algo que ainda não conhecemos completamente? Ainda há muito a aprender sobre o uso da inteligência artificial nas artes e suas implicações éticas e criativas.

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