Segundo os cientistas, os pacientes que apresentavam constipação e síndrome do intestino irritável (SII) tinham o dobro de chances de desenvolver Parkinson em comparação com aqueles sem esses sintomas. Além disso, aqueles que haviam removido o apêndice, geralmente como resposta a uma infecção, tinham 52% menos probabilidade de serem diagnosticados com a doença.
Apesar do interessante achado, os autores ressaltaram que são necessários mais estudos para confirmar essa descoberta. O apêndice, embora não tenha uma função conhecida, acredita-se que tenha sido utilizado por nossos ancestrais para digerir alimentos duros.
Pesquisas anteriores já sugeriam que o apêndice pode produzir e armazenar micróbios benéficos para a saúde intestinal. Um estudo publicado na revista Gut apontou que essa estrutura pode ser uma fonte de uma proteína chamada alfa-sinucleína mal dobrada. Essa proteína, quando emaranhada, forma aglomerados tóxicos que ajudariam a disseminação do Parkinson.
A equipe de cientistas dos Hospitais Universitários de Leuven e da Mayo Clinic Arizona conduziu o estudo com pessoas que sofriam de Parkinson. Elas foram comparadas a pacientes da mesma idade, gênero e etnia que não apresentavam a doença, a fim de analisar os diagnósticos de problemas intestinais nos cinco anos anteriores à detecção do Parkinson.
Os resultados mostraram que a constipação, a dificuldade de engolir e a gastroparesia, condição que retarda o movimento dos alimentos para o intestino delgado, estavam todas associadas a um maior risco de desenvolver Parkinson nos cinco anos anteriores ao diagnóstico. Pacientes com SII sem diarreia também apresentaram 17% mais risco.
É importante considerar que este é um estudo preliminar e que mais pesquisas são necessárias para comprovar essa conexão entre o apêndice e o Parkinson. No entanto, a descoberta trouxe uma nova perspectiva para entender a origem dessa doença e pode abrir portas para futuras investigações e tratamentos.