A mulher em questão tinha 31 anos e estava grávida de 22 semanas quando foi levada ao hospital com uma forte dor de cabeça. Logo em seguida, ela teve uma convulsão e deixou de responder. “Os resultados dos exames preencheram os critérios para ‘morte cerebral’ na medicina nuclear e o paciente foi declarado morto no dia da internação”, diz o estudo. Análises posteriores revelaram que ela havia sofrido um sangramento no cérebro.
A família da paciente se reuniu com especialistas em UTI neonatal, obstetras, neurointensivistas, equipes jurídicas, éticas e assistentes sociais e expressaram o desejo de manter a gravidez e dar continuidade ao suporte somático para manter a viabilidade do feto. Para isso, foi necessário colocar a paciente em um ventilador, inserir uma sonda nasogástrica e regular seus níveis de tiroxina e pressão arterial. Além disso, foram administrados anticoagulantes para evitar a formação de coágulos. A mãe acabou contraindo infecções, como pneumonia, e teve outras complicações, sendo necessário administrar vários medicamentos, incluindo antibióticos, para proteger o feto.
Após mais de 11 semanas, o bebê nasceu com 33 semanas de gestação. Segundo os médicos, a criança passou bem pelo parto e não precisou de reanimação. Ela foi internada na unidade de terapia intensiva neonatal e recebeu alta após cinco dias.
Uma avaliação sistemática encontrou 35 casos semelhantes ao da mãe americana, dos quais 69% precisaram de tratamento para infecções, como pneumonia ou sepse, enquanto 63% desenvolveram instabilidade circulatória e 56% sofriam de diabetes insipidus. Estima-se que cerca de dois terços das mulheres que sofrem morte cerebral durante a gravidez tenham um sangramento no cérebro ou em sua região. Também é relevante notar que os resultados do estudo mostraram que, quando a morte cerebral ocorreu antes das 14 semanas de gestação, metade dos fetos não sobreviveu. Por outro lado, em casos onde a morte cerebral foi observada após 24 semanas de gestação, foi relatado que todos os bebês nasceram vivos. No total, foram registrados oito óbitos fetais e 27 bebês que chegaram ao fim da gestação. Dois desses bebês faleceram logo após o nascimento e outros dois tiveram complicações neurológicas graves.
Apesar dessas estatísticas bem-sucedidas, os autores do estudo ressaltam que a morte cerebral durante a gravidez pode ser mais comum do que o levantamento sugere e que os casos com resultados negativos podem não ser relatados.