Repórter Recife – PE – Brasil

Mulher em estado de morte cerebral realiza parto milagroso, trazendo ao mundo um bebê saudável. Descubra como isso foi possível.

Uma mulher americana grávida, que foi diagnosticada com morte cerebral, conseguiu levar a gestação até o fim e deu à luz a um bebê saudável. Esse é um caso raro, porém uma análise sistemática recentemente descobriu outros 35 exemplos de mulheres grávidas que sofreram morte cerebral. Desses casos, 27 resultaram em bebês vivos, incluindo três nascimentos normais.

A mulher em questão tinha 31 anos e estava grávida de 22 semanas quando foi levada ao hospital com uma forte dor de cabeça. Logo em seguida, ela teve uma convulsão e deixou de responder. “Os resultados dos exames preencheram os critérios para ‘morte cerebral’ na medicina nuclear e o paciente foi declarado morto no dia da internação”, diz o estudo. Análises posteriores revelaram que ela havia sofrido um sangramento no cérebro.

A família da paciente se reuniu com especialistas em UTI neonatal, obstetras, neurointensivistas, equipes jurídicas, éticas e assistentes sociais e expressaram o desejo de manter a gravidez e dar continuidade ao suporte somático para manter a viabilidade do feto. Para isso, foi necessário colocar a paciente em um ventilador, inserir uma sonda nasogástrica e regular seus níveis de tiroxina e pressão arterial. Além disso, foram administrados anticoagulantes para evitar a formação de coágulos. A mãe acabou contraindo infecções, como pneumonia, e teve outras complicações, sendo necessário administrar vários medicamentos, incluindo antibióticos, para proteger o feto.

Após mais de 11 semanas, o bebê nasceu com 33 semanas de gestação. Segundo os médicos, a criança passou bem pelo parto e não precisou de reanimação. Ela foi internada na unidade de terapia intensiva neonatal e recebeu alta após cinco dias.

Uma avaliação sistemática encontrou 35 casos semelhantes ao da mãe americana, dos quais 69% precisaram de tratamento para infecções, como pneumonia ou sepse, enquanto 63% desenvolveram instabilidade circulatória e 56% sofriam de diabetes insipidus. Estima-se que cerca de dois terços das mulheres que sofrem morte cerebral durante a gravidez tenham um sangramento no cérebro ou em sua região. Também é relevante notar que os resultados do estudo mostraram que, quando a morte cerebral ocorreu antes das 14 semanas de gestação, metade dos fetos não sobreviveu. Por outro lado, em casos onde a morte cerebral foi observada após 24 semanas de gestação, foi relatado que todos os bebês nasceram vivos. No total, foram registrados oito óbitos fetais e 27 bebês que chegaram ao fim da gestação. Dois desses bebês faleceram logo após o nascimento e outros dois tiveram complicações neurológicas graves.

Apesar dessas estatísticas bem-sucedidas, os autores do estudo ressaltam que a morte cerebral durante a gravidez pode ser mais comum do que o levantamento sugere e que os casos com resultados negativos podem não ser relatados.

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