Nobre apontou duas mesas de negociações abertas com o governo federal como prioridades da CUT. A primeira busca atualizar o modelo sindical e fortalecer a negociação coletiva, enquanto a segunda busca encontrar uma proteção para os trabalhadores de aplicativo. Para o presidente da CUT, se essas negociações forem bem-sucedidas, o Brasil servirá de referência para o mundo em relação à proteção dos direitos trabalhistas.
A CUT foi criada em 1983 e representa a conquista de um dos principais objetivos do movimento sindical brasileiro ao longo do século XX: a unificação de diferentes categorias de trabalhadores. Até então, nenhuma central sindical havia conseguido se consolidar no país. O historiador social do trabalho, Paulo Fontes, membro do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (Lehm), destaca que a CUT é fruto direto das mobilizações dos trabalhadores no final dos anos 1970. Naquela época, protestos e greves começaram a surgir pelo Brasil.
Fontes ressalta que a CUT teve um papel fundamental na construção da Constituição de 1988, contribuindo para a inclusão do aspecto social no documento. Para ele, a mudança na composição da classe trabalhadora desde a criação da CUT, com o declínio da força dos trabalhadores da indústria e o crescimento da força de trabalho nos serviços, traz novos desafios ao movimento sindical brasileiro. Segundo o pesquisador, os sindicatos só recuperarão seu lugar e conseguirão organizar essa nova classe trabalhadora se tiverem contato e ouvirem os trabalhadores, repensando sua própria organização diante dessa nova conjuntura.