Declarar para evitar embriaguez: marido da primeira-ministra italiana causa revolta ao comentar sobre estupro.

As declarações do marido da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, durante um programa de televisão, causaram uma onda de indignação na Itália. O jornalista Andrea Giambruno sugeriu que as mulheres devem evitar ficar bêbadas para prevenir o estupro, o que gerou críticas nas redes sociais e uma forte reação da oposição à extrema direita.

O caso ocorreu durante um debate sobre casos recentes de estupro coletivo que chocaram os italianos, em um programa da rede Rete 4, que pertence ao conglomerado de mídia do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Um dos especialistas convidados, Pietro Senaldi, respondeu a uma pergunta sobre como as mulheres podem se defender de agressões sexuais, afirmando que elas deveriam tentar evitar perder a consciência. Giambruno concordou com essa opinião e acrescentou que se as mulheres não ficarem bêbadas, podem evitar problemas como encontrar o “lobo”.

A declaração do jornalista causou revolta em representantes da sociedade civil e políticos de oposição, que consideram que essa opinião contribui para culpabilizar as vítimas. A porta-voz do Partido Democrático (PD) na Câmara dos Deputados, Chiara Braga, pediu que Meloni rejeitasse as declarações do marido, afirmando que não aceitam nenhuma forma de ambiguidade e que é inaceitável responsabilizar as mulheres.

A mesma crítica foi levantada pela senadora Cecilia D’Elia, também do PD, que ironicamente afirmou que, segundo Giambruno, as agressões são sempre um pouco culpa das mulheres, ressaltando que essa visão é absurda e injusta. A influenciadora Chiara Ferragni, muito popular entre os italianos, também se pronunciou sobre o assunto, lembrando que as mulheres não têm problemas com lobos, mas sim com os homens.

Giambruno se defendeu, alegando que suas declarações foram mal interpretadas e classificou a reação como uma “polêmica completamente surrealista”. Ele afirmou que ninguém no programa justificou os atos de estupro, e que foram utilizados termos como “abominável” para descrever os crimes.

Até o momento, Giorgia Meloni não se pronunciou publicamente sobre o caso. No entanto, ela anunciou que irá visitar a cidade de Caivano, onde ocorreu um estupro coletivo de duas meninas de 13 anos, cometido por seis adolescentes. Esse caso, juntamente com o estupro coletivo de uma jovem de 19 anos na Sicília, deu início a um movimento de indignação incomum na Itália, que tem como slogan “eu não sou carne”.

Esses casos têm despertado a atenção da sociedade italiana, que busca conscientizar sobre a importância de responsabilizar os agressores e apoiar as vítimas, em vez de culpá-las. A campanha nas redes sociais tem ganhado força e pretende lutar contra a cultura do estupro e a culpabilização das mulheres.

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