Líder dissidente das Farc define requisitos para conversas de paz com governo colombiano, buscando avanços na reconciliação nacional.

O chefe negociador da dissidência das Farc, conhecido como Andrey Avendaño, concedeu uma entrevista nesta quarta-feira (30) diretamente das montanhas do departamento de Cauca, sudoeste da Colômbia. Vestido de civil e cercado por homens armados, ele afirmou que um cessar-fogo bilateral é essencial para que haja avanços nos diálogos de paz com o governo colombiano.

Andrey, um pseudônimo, é o representante do Estado Maior Central (EMC), o principal grupo cindido da antiga guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os dissidentes se recusaram a negociar o acordo de paz de 2016, que desarmou grande parte das Farc, e agora estão em um novo processo de negociação com o presidente Gustavo Petro, porém, ainda não há uma data definida para a instalação da mesa de negociações.

Segundo Andrey, é incoerente que enquanto alguns grupos estão em negociação, outros estejam enfrentando conflitos na selva. Ele destacou que um cessar-fogo é necessário para garantir um ambiente propício para o diálogo.

O presidente Petro, que é o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, busca uma solução dialogada para o conflito armado que já dura mais de seis décadas. Ele tentou negociar a paz com todas as organizações ilegais do país.

No entanto, um cessar-fogo bilateral de seis meses, anunciado por Petro na véspera de ano novo, foi suspenso em maio após o assassinato de quatro menores indígenas pelas mãos dos dissidentes. Desde então, o conflito se intensificou em regiões como Cauca, com casos de assassinatos e atentados bomba.

Andrey criticou o governo colombiano, afirmando que ele não cumpriu com as expectativas do povo colombiano. Ele destacou que a única solução para a violência é o diálogo, mas ressaltou que os dissidentes estão preparados para enfrentar o Estado colombiano caso seja necessário.

Com cerca de 3.500 combatentes, o EMC está envolvido no negócio do narcotráfico e da mineração ilegal, disputando essas atividades com outros grupos armados. A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, com 204.000 hectares de narcocultivos, segundo a ONU.

O cenário atual é preocupante, com a continuidade do conflito armado e a falta de avanços significativos nos diálogos de paz. As negociações entre o governo colombiano e os dissidentes das Farc representam uma tentativa de encontrar uma solução duradoura para o conflito, mas é necessário um esforço conjunto de ambas as partes para que um acordo seja alcançado.

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