Empresários e governadores expressam suas discordâncias com o Plano de Massa para amenizar a inflação na Argentina através de uma rebelião.

O governo argentino enfrenta uma situação cada vez mais delicada, com trabalhadores e aposentados aguardando as ajudas econômicas prometidas para enfrentar a inflação galopante. A medida anunciada pelo ministro da Economia e candidato presidencial Sergio Massa tem recebido críticas tanto dentro do partido governista quanto da oposição. Metade dos governadores provinciais e muitos intendentes municipais já declararam que não irão pagar o bônus de 60 mil pesos (aproximadamente US$ 162 ou R$ 791) previsto para os próximos dois meses. Alguns alegam que não têm condições financeiras para arcar com o pagamento, enquanto outros consideram a medida eleitoreira.

A revolta das províncias e municípios se soma à posição das câmaras empresariais, que também se opõem à medida. A Confederação Argentina de Médias Empresas (Came), que representa as pequenas e médias empresas, afirmou que a imposição do bônus agravará as perdas do setor, que já vem enfrentando dificuldades há meses.

Os principais rivais de Massa nas eleições presidenciais, Javier Milei, um economista ultraliberal, e Patricia Bullrich, uma conservadora, têm criticado o que chamam de “plano platita” do candidato peronista. Milei acusa Massa de tentar “ganhar a eleição injetando dinheiro nas pessoas” e incentiva a população a não cair nessa “armadilha”. Bullrich concorda com essa visão, afirmando que Massa propõe soluções baseadas em “maquiagem financeira e mais emissão monetária”.

Enquanto isso, o governo argentino defende que as grandes empresas têm condições de pagar o bônus e ameaça multar as que não cumprirem a medida. A participação dos salários no PIB argentino tem diminuído desde 2017, enquanto a fatia dos empresários tem aumentado.

O presidente argentino, Alberto Fernández, saiu em defesa de Massa, afirmando que o objetivo das medidas é garantir “um pouco de justiça” e distribuir os lucros para quem trabalha. Ele também criticou as províncias que se recusam a pagar o bônus, especialmente a capital argentina.

Além do bônus de 60 mil pesos, Massa também anunciou congelamento de preços para alimentos, tarifas de transporte público, combustível, medicamentos e planos de saúde. No entanto, especialistas alertam que após as eleições os preços certamente voltarão a subir. Para financiar essas despesas extras, o governo aprovou uma ampliação orçamental.

As eleições presidenciais estão se aproximando, e as pesquisas mostram Milei à frente, com Massa em segundo lugar e Bullrich logo atrás. Caso nenhum candidato alcance os 45% dos votos ou 40% e dez pontos percentuais que o segundo colocado, haverá um segundo turno em novembro.

A situação econômica da Argentina tem gerado tensão e incerteza, com desvalorização da moeda e aumento significativo de preços. Há também o temor de que a instabilidade econômica possa resultar em protestos e distúrbios nas ruas, relembrando os traumas vividos pelo país durante a crise de 2001. Assim, as eleições presidenciais ganham ainda mais importância na busca por soluções para os desafios enfrentados pelo governo argentino.

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