A revolta das províncias e municípios se soma à posição das câmaras empresariais, que também se opõem à medida. A Confederação Argentina de Médias Empresas (Came), que representa as pequenas e médias empresas, afirmou que a imposição do bônus agravará as perdas do setor, que já vem enfrentando dificuldades há meses.
Os principais rivais de Massa nas eleições presidenciais, Javier Milei, um economista ultraliberal, e Patricia Bullrich, uma conservadora, têm criticado o que chamam de “plano platita” do candidato peronista. Milei acusa Massa de tentar “ganhar a eleição injetando dinheiro nas pessoas” e incentiva a população a não cair nessa “armadilha”. Bullrich concorda com essa visão, afirmando que Massa propõe soluções baseadas em “maquiagem financeira e mais emissão monetária”.
Enquanto isso, o governo argentino defende que as grandes empresas têm condições de pagar o bônus e ameaça multar as que não cumprirem a medida. A participação dos salários no PIB argentino tem diminuído desde 2017, enquanto a fatia dos empresários tem aumentado.
O presidente argentino, Alberto Fernández, saiu em defesa de Massa, afirmando que o objetivo das medidas é garantir “um pouco de justiça” e distribuir os lucros para quem trabalha. Ele também criticou as províncias que se recusam a pagar o bônus, especialmente a capital argentina.
Além do bônus de 60 mil pesos, Massa também anunciou congelamento de preços para alimentos, tarifas de transporte público, combustível, medicamentos e planos de saúde. No entanto, especialistas alertam que após as eleições os preços certamente voltarão a subir. Para financiar essas despesas extras, o governo aprovou uma ampliação orçamental.
As eleições presidenciais estão se aproximando, e as pesquisas mostram Milei à frente, com Massa em segundo lugar e Bullrich logo atrás. Caso nenhum candidato alcance os 45% dos votos ou 40% e dez pontos percentuais que o segundo colocado, haverá um segundo turno em novembro.
A situação econômica da Argentina tem gerado tensão e incerteza, com desvalorização da moeda e aumento significativo de preços. Há também o temor de que a instabilidade econômica possa resultar em protestos e distúrbios nas ruas, relembrando os traumas vividos pelo país durante a crise de 2001. Assim, as eleições presidenciais ganham ainda mais importância na busca por soluções para os desafios enfrentados pelo governo argentino.