Um protesto contra a ONU resulta em 48 mortes na República Democrática do Congo, após repressão das autoridades locais.

Um protesto contra a presença das tropas de paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo (RDC) resultou na morte de 48 pessoas, de acordo com fontes de segurança e documentos oficiais. As vítimas foram reprimidas pelas forças de segurança congolesas durante um protesto realizado na cidade de Goma, localizada no leste do país africano.

Inicialmente, informações relatavam 10 mortos durante a invasão de um estúdio de rádio e um local de culto pelos soldados. No entanto, um documento interno do Exército revelou um número ainda maior de vítimas fatais, totalizando 48, além de 75 feridos. O policial linchado durante os confrontos também foi confirmado como uma das vítimas. O líder da seita religiosa, Efraimu Bisimwa, também foi preso juntamente com outras 168 pessoas.

A região leste da RDC tem sido palco de episódios violentos há três décadas, influenciados pelas guerras regionais dos anos 1990 e 2000. A presença da missão de paz da ONU na região, considerada uma das mais longas e caras do mundo, é alvo de críticas por parte da população local, que denuncia a falta de ação frente à violência.

O governo congolês elevou o número de mortos para 43, com 56 feridos e 158 detidos, incluindo o líder da seita. A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou a violência empregada pelas forças de segurança congolesas durante o protesto, qualificando-a como cruel e ilegal. Segundo o HRW, os soldados atiraram e mataram manifestantes, ferindo muitos outros.

O episódio ocorre em meio ao debate sobre a retirada da missão da ONU da RDC, que atualmente possui cerca de 16 mil efetivos. O presidente congolês, Félix Tshisekedi, já indicou que não vê motivo para manter a presença da missão depois das eleições presidenciais de 2023. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em agosto que a missão estava em sua fase final, embora a data de retirada ainda seja incerta.

As manifestações contra a presença da ONU no leste da RDC têm se tornado cada vez mais frequentes e resultaram em várias mortes no ano passado, inclusive de soldados da força de paz. A situação tem gerado questionamentos sobre a efetividade da missão e a maneira como a ONU tem lidado com os conflitos na região.

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