Inicialmente, informações relatavam 10 mortos durante a invasão de um estúdio de rádio e um local de culto pelos soldados. No entanto, um documento interno do Exército revelou um número ainda maior de vítimas fatais, totalizando 48, além de 75 feridos. O policial linchado durante os confrontos também foi confirmado como uma das vítimas. O líder da seita religiosa, Efraimu Bisimwa, também foi preso juntamente com outras 168 pessoas.
A região leste da RDC tem sido palco de episódios violentos há três décadas, influenciados pelas guerras regionais dos anos 1990 e 2000. A presença da missão de paz da ONU na região, considerada uma das mais longas e caras do mundo, é alvo de críticas por parte da população local, que denuncia a falta de ação frente à violência.
O governo congolês elevou o número de mortos para 43, com 56 feridos e 158 detidos, incluindo o líder da seita. A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou a violência empregada pelas forças de segurança congolesas durante o protesto, qualificando-a como cruel e ilegal. Segundo o HRW, os soldados atiraram e mataram manifestantes, ferindo muitos outros.
O episódio ocorre em meio ao debate sobre a retirada da missão da ONU da RDC, que atualmente possui cerca de 16 mil efetivos. O presidente congolês, Félix Tshisekedi, já indicou que não vê motivo para manter a presença da missão depois das eleições presidenciais de 2023. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em agosto que a missão estava em sua fase final, embora a data de retirada ainda seja incerta.
As manifestações contra a presença da ONU no leste da RDC têm se tornado cada vez mais frequentes e resultaram em várias mortes no ano passado, inclusive de soldados da força de paz. A situação tem gerado questionamentos sobre a efetividade da missão e a maneira como a ONU tem lidado com os conflitos na região.