Após um ano do atentado contra Cristina Kirchner, ainda há incertezas e ausência de esclarecimentos na Argentina.

No dia 1º de setembro de 2022, um ataque violento colocou a democracia argentina em risco. Um homem apontou uma arma para a cabeça de Cristina Fernández de Kirchner, porém a bala não saiu. O incidente ocorreu próximo à casa da vice-presidente e foi registrado em um vídeo que se espalhou pelo mundo.

O autor do ataque foi identificado como o brasileiro Fernando Sabag Montiel, na época com 35 anos, que se infiltrou entre os ativistas que estavam reunidos em apoio a Kirchner durante o seu primeiro julgamento por corrupção. Montiel se aproximou da vice-presidente quando ela saiu do carro e tentou atirar, mas sua arma falhou e ele foi preso. Um ano após o ocorrido, Kirchner permanece em silêncio enquanto a Argentina espera o início do julgamento dos três réus: Montiel, sua namorada Brenda Uliarte e Nicolás Carrizo, que empregava o casal como vendedores ambulantes.

Montiel alegou ter agido sozinho, mas Kirchner suspeita que haja outras pessoas por trás do ataque e critica a investigação judicial, afirmando que ela “se caracterizou por evitar o conhecimento da verdade”. A vice-presidente se sentiu grata por estar viva após o atentado e mencionou sua devoção a Deus e à Virgem Maria.

Para Kirchner, o aspecto mais grave desse ataque foi ter quebrado um acordo social que existe desde 1983, quando a Argentina deixou para trás a ditadura. Ela acredita que a recuperação da democracia não se resume apenas ao direito de votar e eleger autoridades, mas também à possibilidade de discutir política e recuperar a vida e a racionalidade.

O ataque ocorreu em um momento de extrema tensão política na Argentina, com acusações de corrupção envolvendo Kirchner. O promotor Diego Luciani alegou que ela era a chefe da “maior manobra de corrupção já conhecida no país”. Essas acusações levaram à vigília de militantes em frente à casa da vice-presidente em sinal de apoio.

A reação ao ataque foi majoritariamente de condenação por parte da classe política argentina, destacando a gravidade do atentado e a importância de preservar a democracia. No entanto, houve exceções, como os líderes das principais candidaturas de oposição às eleições presidenciais, Javier Milei e Patricia Bullrich. Em vez de repudiar o ataque, Bullrich criticou o feriado decretado no dia seguinte, enquanto Milei preferiu manter o silêncio.

Apesar das teorias de que o ataque poderia ter sido encenado ou que a arma utilizada fosse de brinquedo, a sociedade argentina ficou chocada com a violência e realizou uma manifestação massiva contra a violação da democracia.

Enquanto aguarda o julgamento, a causa do ataque é rotulada como “homicídio duplamente qualificado pela traição e pela competição premeditada de duas ou mais pessoas, agravada pelo uso de arma de fogo, no grau de tentativa”. A denúncia pede a ampliação das investigações para buscar possíveis mandantes e financiadores do ataque.

Esse episódio marca um dos momentos mais tensos da história política argentina e ressalta a importância de proteger a democracia e combater qualquer forma de violência contra os representantes eleitos.

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