O Ministério Público de São Paulo investiga possível ilegalidade na Operação Escudo, enquanto entidades clamam pelo seu encerramento.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) divulgou um relatório preliminar chocante sobre a Operação Escudo, que está em andamento na Baixada Santista. O relatório revela 11 casos de violações de direitos humanos cometidas por agentes policiais, incluindo execuções e invasões ilegais de domicílios. O número de mortes resultantes da operação já chega a 24 e continua aumentando.

O relatório foi apresentado na sede da Defensoria Pública da União (DPU) em São Paulo. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) compareceu ao evento e anunciou que irá propor a convocação do governador Tarcísio de Freitas e do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, para dar explicações sobre a operação na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

No entanto, o secretário Derrite cancelou uma reunião marcada com o CNDH sem explicação. Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), afirmou que o governo não está interessado em ouvir os defensores dos direitos humanos e não está respondendo aos ofícios enviados pelas autoridades.

O promotor Danilo Pugliesi, do Ministério Público de São Paulo, enfatizou que cada uma das mortes precisa ser investigada através de inquéritos separados. Ele ressaltou a importância de permitir que testemunhas depositem ao Ministério Público, já que depor à polícia pode colocá-las em risco.

Moradores da região também compareceram à apresentação do relatório e compartilharam relatos de agressões e abusos cometidos pela polícia durante a Operação Escudo. Várias vítimas foram descritas como negras e muitas delas foram torturadas antes de serem mortas. O relatório do CNDH também aponta que a maioria das pessoas detidas estava desarmada, sem drogas e era negra.

A Operação Escudo ganhou ainda mais atenção após uma reportagem revelar que a bala que matou o policial estava de um calibre utilizado exclusivamente pelas forças de segurança pública. Isso levantou suspeitas de que a operação é uma retaliação às comunidades periféricas e sugere um possível envolvimento da polícia nas mortes.

A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, exige o fim imediato da operação e uma investigação completa e rápida sobre as mortes, prisões e denúncias de tortura e violação de direitos humanos.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que todas as mortes estão sendo investigadas pela Polícia Civil e Militar, com o apoio do Ministério Público. A pasta também declarou que as provas, incluindo imagens das câmeras corporais dos policiais, estão sendo compartilhadas com as autoridades responsáveis. No entanto, até o momento, não foram registradas denúncias de abuso durante a operação.

No entanto, a comunidade e diversas entidades continuarão a exigir uma investigação completa e a responsabilização dos envolvidos nas violações dos direitos humanos durante a Operação Escudo. Afinal, é inaceitável que abusos policiais e violações de direitos seguem ocorrendo impunemente em nosso país.

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