Vítimas do massacre no Congo retratam angústia vivida durante repressão violenta a manifestação popular. Histórias perturbadoras emergem.

No leste da República Democrática do Congo, um jovem ferido no protesto contra a ONU que resultou na morte de mais de 40 pessoas falou sobre a violência da repressão. O jovem, que preferiu não ter sua identidade revelada por questões de segurança, está recebendo tratamento em um hospital de Goma, onde descreveu os acontecimentos chocantes que presenciou.

Segundo o relato do jovem, ele estava desarmado quando os soldados congolenses lançaram uma operação para impedir que uma seita religiosa realizasse uma manifestação contra as Forças de Paz das Nações Unidas. Ele afirmou que os soldados chegaram antes mesmo de a marcha começar e começaram a disparar sem hesitar, resultando em corpos despedaçados e pernas quebradas. Não havia nenhuma justificativa para tamanha violência, segundo o testemunho.

Os confrontos resultaram não apenas em mortes, mas também em várias pessoas feridas, incluindo o próprio jovem que está sendo tratado no hospital. De acordo com a Cruz Vermelha, os feridos chegaram até o local durante a madrugada e o número de pacientes com lesões graves nos tórax e abdominais aumentou ao longo do dia.

O governo informou que houve 43 mortes, 56 feridos e 158 pessoas presas. No entanto, um documento interno do Exército estima um total de 48 mortes, incluindo um policial, e 75 pessoas feridas. Entre os detidos, está o líder do grupo religioso, chamado de “Fé Natural Judaica e Messiânica Para as Nações”.

Diante dos eventos lamentáveis, a ONU pediu uma investigação independente para apurar as circunstâncias e responsabilidades pela violência. O leste da República Democrática do Congo há décadas sofre com a violência das milícias, consequência das guerras regionais ocorridas nas décadas de 1990 e 2000. A missão de manutenção da paz da ONU, conhecida como Monusco, atua na região, mas é frequentemente criticada por sua aparente passividade em prevenir conflitos.

No ano passado, protestos contra a ONU resultaram na morte de dezenas de pessoas, incluindo membros das forças de paz. A violência e a insegurança persistem na região, colocando em xeque a eficácia das operações de paz da ONU. É necessário que medidas sejam tomadas para garantir a segurança e a proteção dos civis, bem como investigar e responsabilizar os responsáveis por atos de violência.

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