De acordo com o YouTube, muitas pessoas que são diagnosticadas com câncer recorrem à internet em busca de informações sobre sintomas e tratamentos, além de procurarem uma comunidade de apoio. No entanto, a plataforma afirmou que não vai mais permitir a divulgação de conselhos perigosos de saúde, como a afirmação de que o alho pode curar o câncer ou que a vitamina C pode substituir a radioterapia.
Os internautas que publicarem informações falsas sobre saúde terão seus vídeos excluídos e, em caso de repetição, seus canais ou até mesmo suas contas serão bloqueadas. A medida, no entanto, é vista com ceticismo por especialistas em desinformação, que destacam a falta de transparência do YouTube e questionam a eficácia das medidas anunciadas.
Segundo Laurent Cordonier, sociólogo da Fundação Descartes, é importante que o YouTube combata a desinformação, mas ele ressalta que a plataforma está apenas cumprindo suas obrigações diante de uma regulamentação europeia que exige medidas contra a desinformação. Cordonier também destaca que há anúncios que veiculam desinformação, como o caso de um livro que critica a necessidade de se hidratar durante uma onda de calor.
Carlos Hernández-Echevarría, jornalista espanhol do serviço de verificação de dados Maldita, aponta que os meios automáticos de detecção de informações falsas do YouTube falham, especialmente quando o vídeo não está em inglês. Além disso, ele critica a forma como a plataforma exerce a censura, removendo vídeos sem explicar aos internautas o motivo da informação ser considerada falsa.
Angie Holan, jornalista e diretora da rede internacional de verificação de fatos IFCN, também questiona a eficácia e a falta de transparência do YouTube em relação aos critérios de classificação dos conteúdos. Ela destaca que é difícil saber se a qualidade da informação melhorou ou não após as medidas adotadas pela plataforma.
Apesar das críticas, o YouTube afirma que está comprometido em combater a desinformação e desenvolveu ferramentas para destacar conteúdos de autoridades de saúde e hospitais. Além disso, na França, a plataforma exibe mensagens informativas abaixo dos vídeos para ajudar os usuários a identificar a fonte.
No entanto, há quem se preocupe com o fato de uma empresa privada, como o YouTube, ter o poder de ditar o que é confiável ou não em assuntos complexos. Clément Bastié, do coletivo l’Extracteur, que luta contra a desinformação, teme que a política do YouTube reforce teorias da conspiração que encontrarão outras plataformas para se expressar. Ele defende que a sociedade como um todo deve assumir a responsabilidade de combater a desinformação.