Um mapeamento revelou a existência de 31 organizações de filantropia independentes espalhadas pelo país, mostrando um cenário diversificado.

Um mapeamento inédito realizado pela Rede Comuá revelou que o Brasil possui 31 organizações de filantropia independentes que doam recursos para causas de justiça socioambiental e desenvolvimento comunitário. De acordo com o estudo, essas instituições doaram entre R$ 276 milhões e R$ 330 milhões no ano passado.

As organizações de filantropia independentes são fundos que mobilizam recursos de fontes diversificadas para doar para a sociedade civil. Diferentemente das organizações vinculadas a empresas ou famílias que mobilizam recursos diretamente para elas, essas instituições devem mobilizar recursos para poder doar.

O estudo mostrou que as organizações de filantropia independentes estão presentes em todas as regiões do país, com uma concentração maior (58%) no Sudeste. São Paulo lidera a presença, com 29%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 23%. No entanto, é importante ressaltar que essa concentração não significa que as doações sejam feitas exclusivamente para a mesma região. Por exemplo, uma organização em São Paulo pode ter doado para um projeto no Piauí.

O Norte do Brasil é a segunda região com maior presença de organizações de filantropia independentes, representando 23% do total. Isso pode ser explicado pela preocupação com causas ambientais, especialmente na Amazônia. Amazonas e Pará abrigam 10% das organizações mapeadas cada.

Além disso, o estudo identificou as principais causas apoiadas por essas organizações. Na liderança está o fortalecimento institucional, seguido por cultura, gênero e direito das mulheres, desenvolvimento comunitário, agricultura familiar, comunidades tradicionais e equidade racial. Outras causas como conservação ambiental, sustentabilidade, educação, direitos da população LGBTQIA+, combate à fome, juventude e saúde também foram mencionadas.

No aspecto financeiro, o levantamento revela que 49% das organizações doaram até R$ 1 milhão, enquanto 32% despenderam de R$ 1 milhão a R$ 25 milhões. Mais da metade delas (52%) trabalham com orçamento de R$ 2 milhões a R$ 25 milhões, enquanto 32% possuem orçamento de até R$ 1 milhão.

Uma das características dessas organizações é a diversificação de fontes de recursos. A maioria delas (53%) possui seis ou mais financiadores, o que reduz a dependência de um grande financiador. Além disso, duas em cada três organizações (68%) declararam que seus financiadores não têm influência sobre o uso dos recursos, os processos de tomada de decisão e a governança.

Um destaque importante do mapeamento é a diversidade de pessoas presentes nas organizações filantrópicas. Mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTQIA+ estão representados de forma expressiva nessas instituições.

Para Graciela Hopstein, diretora-executiva da Rede Comuá, as organizações de filantropia independentes têm grande importância por entenderem a autonomia das instituições recebedoras de doações. Ela ressalta que não são agendas que saem da cabeça dos doadores, mas sim um apoio construído em diálogo com a sociedade civil.

Em resumo, o mapeamento realizado pela Rede Comuá revela a existência de 31 organizações de filantropia independentes no Brasil, que doaram entre R$ 276 milhões e R$ 330 milhões no ano passado. Essas instituições estão presentes em todas as regiões do país, com maior concentração no Sudeste. Elas apoiam diversas causas, com destaque para o fortalecimento institucional. Além disso, possuem diversidade em seu corpo de colaboradores e trabalham com múltiplas fontes de recursos, fortalecendo assim a sociedade civil e a democracia.

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