A África solicita investimentos e reformas financeiras visando o crescimento sustentável, segundo especialistas.

Líderes africanos reunidos em Nairóbi pediram investimentos e uma reforma do sistema financeiro internacional para impulsionar o crescimento verde no continente e fortalecer a luta contra o aquecimento global. Essa solicitação foi feita no final de uma cúpula histórica que durou três dias e contou com a participação de chefes de Estado e de Governo, além de empresários.

A declaração conjunta final, intitulada “Declaração de Nairóbi”, destacou o potencial e a ambição da África em ser parte da solução para a mudança climática global. No entanto, para que isso aconteça em escala significativa, será necessário aumentar os fluxos atuais de financiamento e investimentos para o desenvolvimento.

Uma das propostas dos líderes foi criar uma nova arquitetura de financiamento adequada às necessidades da África, incluindo a reestruturação e o alívio da dívida que tem sobrecarregado suas economias. Durante a cúpula, também foi anunciado um investimento internacional de 23 bilhões de dólares para projetos ambientais na região, segundo o presidente queniano, William Ruto.

Essa declaração servirá como base para a posição comum da África nas negociações globais sobre mudanças climáticas, incluindo a Conferência das Partes (COP28) que acontecerá em Dubai no final de novembro. A cúpula de Nairóbi marca o início de uma série de reuniões internacionais sobre o tema, que inclui a cúpula do G20 na Índia.

Alcançar um consenso nesse continente diversificado politicamente e economicamente não foi uma tarefa fácil. Alguns países africanos defendem um futuro impulsionado por energias renováveis, enquanto outros ainda dependem dos recursos de combustíveis fósseis. No entanto, a África possui um potencial significativo para a geração de energia limpa, como solar, eólica e geotérmica. Além disso, o continente abriga grandes reservas de cobalto, manganês e platina, essenciais para baterias e células de combustível de hidrogênio.

Os líderes africanos destacaram o desejo de aumentar, com a ajuda da comunidade internacional, a capacidade de produção de energia renovável para pelo menos 300 gigawatts até 2030, em comparação com os atuais 56 gigawatts em 2022. Isso é especialmente importante em um continente onde 500 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade.

Além disso, os líderes africanos enfatizaram o compromisso dos países ricos de fornecer 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático aos países mais pobres. Eles exigiram igualdade de condições para que seus países tenham acesso aos investimentos necessários para desbloquear seu potencial e transformá-lo em oportunidades.

A cúpula de Nairóbi marcou o início de uma nova fase de lutas e negociações em relação às questões climáticas, que continuarão nas próximas semanas e culminarão na COP28 em Dubai. A África está determinada a desempenhar um papel importante na luta contra as mudanças climáticas e espera contar com o apoio global necessário para alcançar seus objetivos.

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