A Amazônia concentra 22% dos assassinatos de ambientalistas globais, revelando a vulnerabilidade desses defensores da terra na região.

Um levantamento realizado pela organização não governamental Global Witness revelou que mais de um em cada cinco assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente no mundo ocorreram na Amazônia em 2022. Dos 177 defensores que perderam a vida em todo o planeta, 39 deles foram na maior floresta tropical, representando 22% do total.

É a primeira vez que a instituição contabiliza os ataques a defensores atuantes no bioma. De acordo com Gabriella Bianchini, consultora sênior da Global Witness, os números revelam a Amazônia como um dos lugares mais perigosos do mundo para os ativistas, com violência, tortura e ameaças compartilhadas pelas comunidades de toda a região. A Amazônia abrange oito países da América do Sul e possui quase 6,9 milhões de quilômetros quadrados.

Os defensores da Amazônia atuam contra a pressão agropecuária, desmatamento e garimpo ilegal, o que os torna alvos de intimidação e ataques. Segundo Bianchini, esse número alarmante é resultado da ausência de políticas públicas focadas na proteção dos defensores, na preservação dos territórios tradicionais e ambientais, na demarcação de territórios tradicionais, além da falta de responsabilização de empresas e outros agentes envolvidos em violações dos direitos humanos.

Um dos casos emblemáticos de violência na região foi o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em junho de 2022 em uma emboscada enquanto viajavam de barco pelo Vale do Javari, no Amazonas.

Os indígenas são especialmente vulneráveis, representando mais de 36% dos ativistas assassinados em todo o mundo. Em seguida, estão os pequenos agricultores, com 22%, e afrodescendentes, com 7%. Somente na Amazônia, foram registradas as mortes de 11 indígenas.

A Global Witness destaca a importância do Acordo Regional de Escazú, firmado em abril de 2022, como um esforço para ampliar a proteção dos defensores na América Latina. No entanto, a maioria dos países amazônicos ainda não aderiu ao acordo.

O Brasil é o segundo país mais perigoso para ativistas ambientais, juntamente com Colômbia e México, somando mais de 70% dos casos no mundo, o que equivale a 125 mortes. Em 2021, foram registrados 34 assassinatos no Brasil, enquanto em 2022 esse número subiu para 26. Desde 2012, já foram contabilizadas 376 mortes de defensores no país.

A Colômbia lidera o ranking mundial, com 60 assassinatos, quase o dobro das mortes registradas em 2021. A Global Witness ressalta que a situação no Brasil foi agravada pelas políticas do governo anterior, que desprotegeram a Amazônia e desmantelaram órgãos ambientais.

A organização espera que o governo atual reestruture as agências reguladoras e crie novos ministérios para auxiliar na proteção dos defensores do meio ambiente, como o Ministério dos Povos Indígenas.

Entre as recomendações da Global Witness para garantir um ambiente seguro aos defensores da terra e do meio ambiente, estão o cumprimento ou formulação de leis que protegem seus direitos, além da investigação e responsabilização de empresas e governos pelos ataques e danos causados aos ativistas.

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