Dez militares colombianos são suspensos após ameaças contra mulheres e crianças, ação que levanta questões sobre conduta das forças armadas.

Dez militares envolvidos no caso das ameaças com armas de fogo a civis no norte da Colômbia foram afastados de suas funções nesta quinta-feira (14), de acordo com informações divulgadas pelo Exército colombiano. O general Luis Mauricio Ospina, comandante do Exército, anunciou em uma entrevista coletiva que decidiu retirar dos militares a confiança e a responsabilidade de portar armas. Entre os sancionados, há oficiais que não poderão exercer nenhum tipo de missão de liderança operacional ou de inteligência militar.

Esses militares serão investigados pela Justiça militar e também pelo Ministério Público, segundo o general Ospina, que não deu detalhes sobre quanto tempo eles ficarão afastados de suas funções. O episódio ocorreu no município de Tierralta, no departamento de Córdoba, e um vídeo que circulou nas redes sociais e na imprensa mostrava os militares apontando seus fuzis contra crianças, mulheres e outros habitantes de uma área rural. O governo classificou esse incidente como de extrema gravidade.

O general Ospina reconheceu que os militares transgrediram a política institucional, os postulados do Exército Nacional, as leis, a doutrina, as normas e o marco constitucional. Além disso, um helicóptero que transportava comissões de investigação do Ministério Público e da Justiça Penal Militar foi atingido por um disparo na região, o que obrigou um pouso de emergência em uma base militar. O general explicou que essa região é um corredor do narcotráfico e após uma investigação foi possível estabelecer que o Clã do Golfo, organização criminosa, assumiu a autoria desse ataque.

O presidente Gustavo Petro comparou o comportamento dos militares nesse incidente com os esquadrões de direita que semearam terror durante o auge do paramilitarismo. Ele pediu ao Exército que faça sua própria investigação e a apresente publicamente ao lado do governo. A Defensoria do Povo também pediu explicações sobre as violações dos direitos humanos ocorridas em Tierralta, incluindo um suposto ato de abuso sexual contra uma mulher indígena.

Esse episódio envolvendo militares é mais um escândalo relacionado a violações de direitos humanos por parte das forças armadas colombianas. Entre 2002 e 2008, efetivos da força pública assassinaram mais de 6.400 civis que foram apresentados como guerrilheiros mortos em combate, em uma prática conhecida como “falsos positivos”. O presidente Gustavo Petro destacou a importância de não voltar ao paramilitarismo e ao despojo de terras, considerando isso como o pior erro militar da força pública. Ele ressaltou que isso não pode acontecer em seu governo.

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